O Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém encheu-se, no passado sábado, para ver aquele que é, provavelmente, o melhor casamento da música portuguesa dos últimos anos: a união de Best Youth e We Trust deu origem a There must be a place, projeto do qual surgiu um disco conjunto e uma digressão por todo o país.
Sendo bastante pontuais, os There must be a place subiram ao palco para tocar, sem interrupções, os temas Waiting, Nice face e Too kind to mind, enquanto ainda se viam chegar alguns espetadores que preenchiam os poucos lugares vazios da sala.
Tocados os 3 primeiros temas, foi tempo para as apresentações do coletivo (que é, segundo André Tentugal, uma das vozes do grupo e vocalista dos We Trust, a maneira mais trendy de apresentar o conjunto), às quais se seguiram os temas Again e Freedom bound, com o público já a acompanhar as letras, contagiado pela energia do grupo, ainda que impedido de dançar pelos lugares sentados, invejando os músicos pela sua liberdade para dançar em palco.
Seguiu-se Shouts, possivelmente um dos temas mais fortes do álbum e que resulta de forma absolutamente estrondosa ao vivo. É impossível ficar-se indiferente, não só ao poderosíssimo instrumental conseguido pelo coletivo, mas sobretudo à voz aveludada e sensual de Catarina Salinas.
Depois de uma pequena pausa para recuperar o fôlego, em que André Tentugal conta que foi precisamente em Lisboa que surgiu a ideia de as duas bandas tocarem juntas, foi a vez de Once at a time, tema clássico dos We Trust, cantado em coro pela plateia do CCB, ainda que apenas na expressão que dá nome ao tema. “Um dia, alguém vai saber o resto da letra”, comentou, com razão, André Tentugal.
Tell me something, o primeiro single do coletivo, foi um dos pontos altos do concerto, numa versão incrível com direito a um mash-up, na parte final, com o tema Dreams, dos Fleetwood Mac. Tempo depois para a parte mais intimista do espetáculo, desta vez sem baixo nem guitarra, ao som de Them Lies (tema dos We Trust e o momento “para telefonar àquela pessoa mais especial”) e Hang Out, um dos mais conhecidos temas dos Besth Youth, ao qual se seguiu um cover belíssimo e inesperado: Playground Love, dos Air, cantado a pares entre Ed e Catarina, André e Sofia (a teclista do coletivo).
“Obrigada por fazerem parte de nós” foi o agradecimento emocionado dos músicos antes de Time (better not stop), no qual, espontaneamente, toda a plateia do Pequeno auditório se levantou, dançando e extravasando toda a energia acumulada desde o início do espetáculo. A dança continuou em Surrender, outro dos melhores momentos da noite, com o público do CCB a formar um coro que continuaria a cantar, mesmo já sem os músicos em palco, até ao seu regresso.
When all the lights are down marcou as despedidas, mas foi em Summer que a festa aconteceu, terminando o concerto em beleza. Durante mais de hora e meia, as emoções estiveram completamente ao rubro no CCB: o espectáculo de There must be a place foi bem mais que um concerto. Foi uma explosão de emoções, com temas de todas as cores, dos mais intimistas aos mais dancáveis.
A união entre Best Youth e We Trust é, de facto, o casamento perfeito, visto que os temas de ambos benificiam com a sonoridade do outro: os Best Youth ganham uma maior robustez do que na versão Ed & Catarina + Baterista, enquanto os We Trust veêm o seu som (ainda) mais melódico quando conjugado com a dupla maravilha.
As harmonias vocais perfeitas, a cumplicidade em palco e a humildade e simpatia dos músicos (comprovada pelos fãs que puderam ainda trocar algumas palavras com a banda, no final do concerto), faz com que os There must be a place, apesar do fim anunciado com o final da digressão, sejam um projeto que better not stop.
A próxima paragem da banda será no próximo dia 13 de março, na Casa da Música, no Porto.
Fotografias por João Churro