A curta-metragem Sleep, de Célia Alturas e Hugo Folgado, foi apresentada sexta-feira, dia 8, na sessão de ante-estreias na Cinemateca. Os mentores do projeto Célia Alturas, Hugo Folgado e Zé Pedro Alfaiate marcaram presença e falaram sobre o seu filme low budget, cuja realização, produção, som e imagem foram da inteira responsabilidade deste núcleo de três pessoas, que conseguiu concretizar o seu sonho.
A curta retrata a vida de Christie uma mulher contemporânea como muitas outras, que se sente insatisfeita perante a realidade que vive. As palavras entram e saem, mas não têm valor e não a conseguem preencher. Finge uma vivacidade e otimismo que não possui interiormente e habita num mundo de máscaras, que já não consegue aguentar.
O tema do filme é muito atual e consegue narrar através dos olhos de uma mulher o quotidiano da nossa sociedade, que se mantém pela imagem exterior e não cultiva o bem-estar interior. Uma sociedade que se rege pelas aparências sem aprofundar a sua verdadeira essência, de certa forma aniquilando-se na maré.
A montagem do filme é sublime, tendo transições subtis entre planos. Grande destaque na cena do consultório, em que Chris vai narrando as suas experiências, enquanto se intercalam excertos da sua vida, servindo como resposta às perguntas do psicólogo.
A escolha de planos em contra-luz, a negativo e as sobreposições transportam o espectador à atmosfera do sonho e transmite um toque muito surrealista ao filme.
Não esquecer também a maravilhosa banda sonora de Zé Pedro Alfaiate, que nos leva numa viagem entre o ritmo frenético da cidade e o mundo onírico de Chris que vagueia no seu sonho por entre a floresta.
O filme só peca por vezes na interpretação dos atores, principalmente de Célia Alturas que não se mostrou muito convincente no seu papel. Em contrapartida, a excelente prestação de Maya Booth, apesar do seu pequeno papel, deu um toque mais animado e verdadeiro a toda a situação problemática da sua amiga.
Com uma poderosa imagem e história profunda, Sleep mostra o adormecer da realidade e o acordar para o sonho em todos os sentidos.
8/10