O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
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A Força do Cinema Francês

Os filmes com que o Espalha-Factos termina a sua cobertura da Festa do Cinema Francês em Lisboa provam que a produção gaulesa se mantem viva e com uma dinâmica muito própria. O público decidiu atribuir o Prémio do Público desta 13ª edição a Paulette de Jérôme Enrico, exibido na abertura do festival em antestreia mundial. Elles de Malgoska Szumowska e De Rouille et D’Os de Jacques Audiard são os filmes a descobrir neste artigo.

ELLES – 7,5/10

Estreou na passada quinta-feira nos circuitos nacionais e traz Juliette Binoche como protagonista. Elas conta a história de Anne, uma jornalista da revista Elle que se encontra a realizar uma investigação sobre prostituição de jovens universitárias em Paris.

O filme reparte-se então em três partes: a vida de Anne e as vidas de Charlotte e Alicja, duas prostitutas com quem contactou para realizar o seu trabalho. A partir daí, essas histórias acabam por afectar a vida de Anne e o seu modo de pensar o mundo.

Este filme reflecte, antes de mais, o drama interior da protagonista. Perceber os extremos das vidas destas jovens prostitutas fá-la questionar a sua vida, organizada e planeada quase ao pormenor. A reflexão sobre se o seu casamento acaba por chegar consequentemente e, nessa fase final, temos uma Anne repleta de dúvidas e que acaba por colocar em prática o que praticamente repudiava.

Elas peca por querer “chocar demais” e por ser um tanto ou quanto repetitivo na sua estrutura, que oscila quase sempre entre uma Anne que tem de preparar um jantar de negócios para o marido e escrever o artigo, as entrevistas propriamente ditas e as várias cenas de intimidade entre as prostitutas e os clientes – que pretendem mostrar a diversidade e as fragilidades de todos eles.

Destaque ainda para os vários apontamentos de humor que vão marcando o filme e contribuindo para tornar mais leve e acessível toda a sua temática.

DE ROUILLE ET D’OS – 9/10

Não havia melhor forma de encerrar a Festa do Cinema Francês deste ano. O novo filme de Jacques Audiard, alvo de uma retrospectiva na edição deste ano, deixa-nos pregados ao ecrã do primeiro ao último minuto.

Em Ferrugem e Osso (título português), a beleza das imagens é constante. Audiard surpreende-nos com jogos de luzes que definem as várias cenas e o próprio filme. Os contraluzes abundam num jogo de ligação forte à acção.

Duas vidas completamente diferentes mas que acabam por se encontrar e por partilhar mais do que se poderia pensar. As interpretações da já consagrada Marion Cotillard e de Matthias Schoenaerts, que se assume agora como um novo valor, comprovam a excelência e acentuam um contraste crucial entre a dureza e a fragilidade.

Alie-se a isto uma banda sonora assinada por Alexandre Desplat e com a presença de nomes como Bon Iver ou Lykke Li. A própria música é a história contada nos silêncios dos personagens. É também dos próprios silêncios que vive este novo trabalho de Audiard.

Falar deste filme é torná-lo pequeno de alguma forma, é reduzi-lo a traços diminutos que não conseguem transmitir a essência que se vive ao assisti-lo. Não é um filme para ver de ânimo leve e não tem todas as interpretações à vista. O jogo de compreender a forte mensagem é um desafio em que se entra com toda a vontade. Para essa mensagem, o final surge como a peça que encaixa na perfeição.

De Rouille et D’Os chega às salas de cinema portuguesas no início de Fevereiro do próximo ano. Quando esse dia chegar, o conselho é simples: vão ao cinema, vai valer tanto a pena!

*Por opção do autor, este texto foi escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico.

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