No De 0 a 20 desta semana, destacamos Orfã do Passado, a reta final de Remédio Santo e o programa Planeta Música. No Melhor e Pior da semana, os resultados de Floribella 2 e do telefilme O Último Verão, numa edição diferente e especial.
Orfã do Passado | TVI | 6/20
A TVI decidiu voltar a apostar nos telefilmes portugueses produzidos pela própria estação. O TVI Filmes regressou no domingo, dia 19 de agosto, com Órfã do Passado. A escolha para o regresso não podia ter sido pior.
Os 6 telefilmes que já tinham sido exibidos, dos 26 no total, tinham tido resultados medianos ao sábado a noite, mas estiveram longe de ser um sucesso. Apesar de mostrarem alguma qualidade (uns melhor que outros, é verdade) estiveram longe dos típicos filmes de cinema.
É certo, o objetivo não era esse, daí a designação de ‘telefilme’. Os custos de produção, o tempo de rodagem e os meios técnicos são muito inferiores aos filmes portugueses exibidos nas salas de cinema. Mas este último filme exibido pela estação ficou muito abaixo de todos os outros.
A começar pela história, previsível e cansativa. Orfã do Passado falava de Sara, uma mulher de 28 anos problemática, com uma personalidade vincada, fruto de um crescimento atribulado em orfanatos. É condenada a serviço comunitária, depois de estar envolvida num acidente e vai trabalhar para a casa de um homem de 60 anos. Uma história simples, mas que não é por aí que não resulta, pois existem histórias comuns que resultam em filmes fantásticos.
Este não foi, definitivamente, um desses casos. Com uma realização fraca, ainda pior que alguns episódios da série Casos da Vida, esta foi uma das maiores desilusões, até porque o filme foi escrito e realizado por Artur Ribeiro. O realizador e guionista ofereceu-nos alguns dos melhores Casos da Vida (ao realizar Polaróides da Minha Avó, Pelas Próprias Mãos ou Roleta Russa, por exemplo), e outras séries e minisséries portuguesas (realizou Equador e Triângulo Jota, escreveu O Dom, Redenção ou Um Lugar para Viver). Aqui, desiludiu em ambos os aspetos.
Mas se tivessemos de apontar o pior a nível técnico, seria, sem dúvida, a iluminação. Muito fraca, cenários muito escuros, resumidos à luz natural. Se era essa a intenção, resultou muito mal. Imagens pouco definidas, com uma espécie de poeira ou nevoeiro constantes. E os resultados estão à vista, pois Órfã do Passado foi vista por uma audiência de 6.0% e um share de 18.5%. Perdeu para a SIC e foi um excelente motivo para a TVI justificar o fracasso da produção. Os filmes voltaram a ser suspensos, as noites de domingo ocupadas com novelas e os restantes 19 filmes deverão manter-se na prateleira durante algum tempo. Ou então, como chegou a ser falado, nunca serão emitidos na TVI generalista, passando diretamente para a TVI Ficção. A ver vamos…
Remédio Santo | TVI | 9/20
Remédio Santo está há mais de 300 episódios no ar, passando já um ano de exibição. A novela de António Barreira estreou na faixa das 21h00 e, tal como acontece com todas as telenovelas da TVI, vai terminar bem perto da meia-noite. Aqui, a análise não é feita à evolução da história da mesma, já que escrever uma novela que ultrapasse os 350 episódios não é tarefa fácil. Se começou por ser um dos enredos mais enigmáticos e cativantes das novelas da TVI, rapidamente se tornou numa bola de neve, que vai continuar a rolar até se quebrar e não dar para mais.
Nunca foi um grande sucesso, mas obtinha resultados bastante satisfatórios para as produções da TVI. Envolta em mistério, nos primeiros meses todos queriam saber quem era a Morte, todos queriam que Helena fosse castigada e todos torciam para que a Santinha conseguisse ser feliz. Passou quase um ano e meio e a história arrasta-se… Com meio elenco original fora da novela (afinal, a Morte executou grande parte das personagens!), a trama que a TVI que levar à corrida dos Emmys tornou-se na história dos diabos e dos demónios.
Para quem não acompanhou a novela desde início e vê umdos últimos episódios, por acaso, depara-se quase sempre com as personagens de Vítor de Sousa e Manuela Maria vestidas de branco, expulsando os demónios; uma criança que tem o próprio diabo no corpo; uma luta entre o bem e o mal; uma série de personagens que se arrasta sem desenvolver e um adiamento dos acontecimentos para o grande final.
A juntar a isso o tratamento que a TVI tem feito (a novela dá cerca de meia hora, ou menos), Remédio Santo não tem consigo cativar com segurança os telespetadores. Num dia dá às 23h00, regressa ao top 5; no outro volta à meia-noite e perde para a concorrente Insensato Coração. Provavelmente o final vai ter direito a um horário decente e o episódio vai marcar um dos melhores resultados desde a estreia. Mas não deixa de ser triste ver as produções nacionais esticadas ao limite, empurradas para bem tarde, e a acabar sem qualquer glória. Pode-se até dizer que neste caso a Morte acabou por matar a própria novela.
Planeta Música | RTP 1 | 15/20
Há coisas que não se percebem, e o lugar de Planeta Música na grelha da RTP é uma delas. Com tantas reposições em horário nobre, com tantos programas (muitos eles inúteis) nas tardes de fim-de-semana, porque é que o programa apresentado por Luísa Barbosa tem de ser emtido ao início da madrugada de sábado? Temos um Top+ que é mais do mesmo, sem grande coerência a nível sequencial (ora estamos a ver e ouvir o Panda na Escola, ora estamos a dançar ao ritmo dos Linkin Park), e que tem honras de início de tarde (sim, é uma honra este horário).
E depois temos Planeta Música, que dá a conhecer novas bandas e leva ao palco nomes consagrados da música portuguesa. Um programa com bons convidados, um bom ritmo, uma apresentadora cada vez mais segura e um cenário acolhedor. Sim, os primeiros programas de Planeta Música eram de fugir. Péssimos apesentadores e o local ainda pior. Mas depois, houve uma mudança geral e tudo ficou muito melhor. A nível gráfico o programa também resulta bastante bem.
O melhor acaba por ser a realização da mesma e a fotografia do programa. Gravado em alta definição, o programa poderia e merecia ter mais destaque na grelha da estação. Assim, este programa que tinha como objetivo ser “uma referência na televisão portuguesa para todos os amantes de música pop/rock, produzido e apresentado por profissionais da área, divulgando e apresentando, em primeira mão, novos talentos“, vai dando ‘porque sim’ (e talvez porque a RTP é ‘obrigada’ a tal) e com audiências muito baixas (nunca aparece no top dos 10 mais vistos do dia do canal).