O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
X edição do festival Marés Vivas

Dia 21 – Marés Vivas: Santos da Casa afinal fazem milagres

Episódio final do Marés Vivas tmn 2012, num dia que foi marcado por altos e baixos, em que o senhor da casa veio salvar a maré de gente na Praia do Cabedelo.

O último do Marés Vivas tmn não teve a regularidade a nível de concertos que era esperado, The Hives e Pedro Abrunhosa foram os responsáveis pelos maiores aplausos, contrastando com uma desinspirada Anastacia. Comecemos com os portugueses do Moche Random Stage.

Pela terceira vez consecutiva no Palco Moche João Só e Abandonados deram um concerto bem animado com o público que se encontrava no recinto a dividir a atenção entre os stands de merchandising e o palco. Um concerto positivo destes repetentes na Praia do Cabedelo.

Se por um lado tivemos um repetente, do outro tínhamos uma estreante, Luísa Sobral estreou-se no Marés Vivas tmn com uma plateia digna de Palco tmn. A jovem cantora de temas como Chico mostrou todo o seu talento, com uma voz doce que conquistou os festivaleiros nortenhos. O blues e o jazz foram visitados ontem, deixando boas indicações para uma futura actuação no palco grande do Marés.

Virando agora para o Palco tmn, Mónica Ferraz foi a senhora que abriu o palco, com as suas influências do R&B. A música da portuense foi perfeita para aquecer o público no início de noite frio. A cantora percorreu os seus êxitos como Golden Days tendo ainda feito ainda versões de grandes canções da Soul, tarefa que resultou muito bem.

Mas se começamos a aquecer com Mónica Ferraz ficámos a escaldar com a actuação dos The Hives. De fraque e cartola os suecos entraram a atacar, sabiam que tinham pouco tempo, por isso o melhor foi começar com o rock antes que se fizesse tarde. E que bem que soube esta fórmula levada a cabo pelos  Hives. Ninguém ficou indiferente à loucura de Pelle Almqvist, que mostrou ter feito o trabalho de casa, tendo um vocabulário bem mais extenso que o habitual Obrigado. Foram várias as brincadeiras entre o público e ele, de realçar aquela em que o público foi obrigado a sentar-se. Ainda neste turbilhão de emoções que foi o concerto dos The Hives houve espaço para um fã realizar um sonho. Miguel foi chamado ao palco para tocar no baixo o final Hate To Say I Told You So com a banda.

Estávamos bem quentinhos, mas rapidamente ficámos novamente frios, foi assim o dia de ontem do Marés. Anastacia não cumpriu as expectativas, apresentando-se de uma forma muito casual, normal, deixando em casa a diva que nos tinha habituado. Mas não foi só por aí que o concerto desiludiu, a voz da cantora esteve uns furos abaixo do que a tornou conhecida, e a setlist não terá ajudado também, a cantora deixou os principais êxitos para o fim, fazendo com que o público desmotivasse. A cantora recorreu a covers de We Are Family e de New York sem qualquer necessidade, pois tinha reportório suficiente para pôr o público a cantar, mas a má gestão do reportório a isso a obrigou.

Mas se a última memória fosse a que prevalece então iria ser muito, mas mesmo muito, boa. Pedro Abrunhosa deu um concerto enérgico, não parou um minuto, mostrou-se interventivo com o governo em canções como Não posso mais, mas também na ideia de uma possível união entre Porto e Gaia. Estes disparos do cantor foram sempre acompanhados pelo público. Musicalmente falando, o cantor percorreu por todos os seus êxitos, muitas vezes acompanhado pelo público nortenho.

Este concerto de Pedro Abrunhosa integra assim o lote dos melhores concertos do Marés Vivas tmn 2012, juntando-se a Kaiser Chiefs, The Hives, Billy Idol, Franz Ferdinand, Gogol Bordello.

95 mil pessoas visitaram o Marés Vivas tmn 2012 que já tem edição marcada para o próximo ano.

*Artigo escrito, por opção do autor,  com as normas do acordo ortográfico de 1945.

Fotografias: José Mota / GLOBAL IMAGENS @Jornal de Notícias