A Idade do Rock estreia hoje nas salas de cinema e reúne um elenco de peso: Tom Cruise, Alec Baldwin, Russel Brand, Paul Giamatti, Catherine Zeta-Jones e muitas outras caras conhecidas. Agora será que A Idade do Rock consegue retratar essa época áurea e atrair o público ao grande ecrã? Ingredientes não lhe faltam, contudo o sumo talvez não seja suficientemente estimulante para o filme conseguir atingir a receita.
Quando pensamos na idade do rock, chega-nos logo à mente certos elementos que ressaltam esse tempo, como as botas altas, casacos de cabedal, grandes cabeleiras, álcool, tatuagens, sexo, drogas e muito rock n’ roll. No filme encontramos todos os clichés relacionados com a febre do rock, contudo foram apresentados de uma forma pouco convincente.
O filme, em vez de honrar o rock na sua verdadeira essência, conseguiu tornar-se num musical pop com influências de Glee com High School Musical. As músicas dos cantores e bandas icónicas como Bon Jovi, Guns n’ Roses, AC/DC, The Rolling Stones foram interpretadas pelos atores, destruindo de certa forma a sua versão original. Todas as atuações musicais pareciam dessincronizas e pouco credíveis, como se cada ator estivesse a fazer playback e a voz não fosse realmente sua.
É do conhecimento de todos que o mundo do rock tem uma vertente rebelde e deveras imoral, contudo os exageros caricaturais de cada personagem tomaram conta do filme, ridicularizando os adeptos deste estilo. Stacie Jaxx, o icone dos Arsenal, protagonizado por Tom Cruise está sempre drogado, é obcecado por sexo e mantém-se sempre rodeado por mulheres despidas que lhe lambem a orelha e um macaco que extravagantemente o acompanha para lhe oferecer bebidas alcoólicas. As mulheres do filme são todas tornadas objetos sexuais, desde a protagonista que vai de um bar para um clube de strip até à jornalista da revista Rolling Stone, que por detrás do seu perfil recatado esconde uma mulher sexualmente apetecível e sedenta de prazer.
Percebe-se que todas estas caricaturas são uma sátira às figuras do rock, contudo não era necessário chegar ao limite do cliché para atrair a atenção do espectador. Certas cenas tornam-se tão ridículas pelo cariz sexual explicito, que desvalorizam o filme e a caracterização das personagens. Quem diria que Tom Cruise iria aparecer num plano com uma caveira na zona pélvica a olhar diretamente para as partes intimas de uma mulher?
Depois o argumento também não ajuda. A história é sempre a mesma: uma rapariga do estilo barbie doll sai da sua terra à procura do sonho americano em Los Angeles. Fanática por bandas rock, ela anseia ser cantora, mas acaba por conhecer um rapaz bonitinho, que a conduz a um bar famosíssimo por lançar grandes nomes da música. Ele chega a vender-se à fama, distanciando-se do rock e ela por falta de dinheiro rende-se à vida noturna dos night clubs, onde aparece Mary J. Blige como dona do estabelecimento burlesco. No final o rock triunfa e os dois chegam por cumprir os seus sonhos.
O único elemento que salva o filme é a prestação de Paul Giamatti, como agente e de Tom Cruise, como vocalista dos Arsenal. Apesar da vertente exagerada ambos fizeram um excelente trabalho na sua interpretação. Nem Catherine Zeta-Jones esteve tão bem como os seus colegas.
Por ventura para captar o público jovem quiseram realizar um filme mais direcionado para os musicais adolescentes, mas este formato comercial vai desiludir muitos fãs do rock, principalmente a geração que viveu essa época.
4/10
Ficha Técnica:
Titulo Original: Rock of Ages
Realização: Adam Shankman
Argumento: Justin Theroux, Chris D’Arienzo, Allan Loeb
Elenco: Diego Boneta, Julianne Hough,Tom Cruise, Alec Baldwin, Russel Brand e Paul Giamatti
Género: Musical, Romance
Duração: 123 minutos