A história de Peter Parker volta a ser contada dez anos depois, com uma nova cara. Depois da trilogia do super-herói aracnídeo protagonizada por Tobey Maguire, Andrew Garfield foi o escolhido para dar uma nova vida ao Homem-Aranha, que renasce pelas mãos do realizador Marc Webb. O Fantástico Homem-Aranha é um dos mais aguardados blockbusters do ano e chega hoje aos cinemas nacionais.
Esta será a segunda longa-metragem de Webb, realizador de (500) Days of Summer (2009), e só se pode concluir que continua o bom trabalho, mesmo que num registo bem diferente. O elenco é do melhor, e facilmente conseguimos deixar de lado as possíveis e quase inevitáveis comparações com os restantes filmes sobre Parker. O certo é que Webb, com o seu Fantástico Homem-Aranha consegue ser isso mesmo: fantástico.
O reboot da história de Peter Parker (Andrew Garfield), um rapaz que foi abandonado pelos pais em criança e foi criado pelos seus tios Ben (Martin Sheen) e May (Sally Field). Como a maioria dos adolescentes, Peter tenta descobrir quem é e como deve ser enquanto pessoa, ao mesmo tempo que quer também encontrar o caminho ao lado da sua grande paixão Gwen Stacy (Emma Stone). Ao descobrir uma misteriosa mala que pertencia ao seu pai, Peter inicia uma busca para tentar compreender o seu desaparecimento, o que o leva directamente para Oscorp e para o laboratório do Dr. Curt Connors (Rhys Ifans), um ex-sócio e amigo do seu pai. Contudo, o Homem-Aranha encontra-se numa rota de colisão com o alter-ego de Connors, The Lizard, e Peter tem de tomar decisões que vão mudar a sua vida, usando os seus poderes e alterando o seu destino ao tornar-se um super-herói.
Coube a Marc Webb reinventar a história do Homem-Aranha, a partir do argumento escrito por James Vanderbilt, tendo sempre por base, claro, a famosa banda desenhada da Marvel da autoria de Stan Lee e Steve Ditko. A história de Peter é a mesma que a que nos é apresentada na trilogia realizada por Sam Raimi, mas com uma abordagem diferente, mais atrevida e cativante, e com novos elementos bastante interessantes. O Fantástico Homem-Aranha, podendo correr o risco de se revelar uma pouco eficaz cópia dos anteriores filmes, não o é. Distancia-se e revela uma qualidade superior à dos filmes da trilogia, principalmente se nos recordarmos do terceiro, que foi uma tremenda desilusão para a maioria dos fãs (onde me incluo). Ainda no que toca ao argumento é certo que não se trata de nada verdadeiramente original mas de destaque dentro do género. Com um humor inteligente e diálogos bem construídos, o filme tem muito a seu favor.
Com Andrew Garfield a protagonizar O Fantástico Homem-Aranha, damos de caras com um Peter Parker mais jovem, e com características singulares. O super-herói apresenta-se com uma rebeldia e atrevimento muito particulares, um espírito diferente, menos inseguro, mais cativante, desafiador e aventureiro. Esta foi a oportunidade que o actor necessitava para mostrar como é capaz de encarnar um protagonista, e como essa mesma oportunidade já lhe deveria ter sido dada há mais tempo. Garfield enche o ecrã em todas as cenas onde aparece, o que, sejamos sinceros, já acontecia em outros filmes onde interpretava personagens secundárias (A Rede Social é um óptimo exemplo), e quase faz esquecer Tobey Maguire.
O restante elenco não poderia ser melhor. Emma Stone, como Gwen Stacy, o grande amor de Peter Parker, está excelente, sempre com a jovialidade e humor que lhe são característicos, a par do talento que prova deter em cada personagem que interpreta. A actriz distancia-se a léguas de Kirsten Dunst como Mary Jane Watson (Homem-Aranha, Homem-Aranha 2 e 3). Como vilão temos Rhys Ifans com um interessante desempenho, e na pele dos tios do protagonista os veteranos Sally Field e Martin Sheen que é sempre um prazer ver. Denis Leary como Captain Stacy, pai de Gwen, merece igualmente destaque.
Para além do belo conjunto de actores, O Fantástico Homem-Aranha oferece-nos uma experiência muito interessante em termos visuais. Os efeitos especiais estão bem conseguidos, a fotografia tem muitos bons momentos, e Webb presenteia-nos com incríveis planos-sequência do Homem-Aranha a deslocar-se por entre os prédios da cidade. Por vezes vemo-lo a ele, por vezes somos nós que lhe “vestimos a pele”. Mesmo o 3D – do qual, relembro, não sou apologista – funciona bem, proporcionando-nos momentos em que podemos chegar a sentir-nos ameaçados por algo que venha na nossa direcção. A combinar com o bom desempenho visual do filme, a banda sonora da autoria de James Horner acompanha na perfeição.
O Fantástico Homem-Aranha consegue ser muito mais do que o rótulo “comercial” de antemão adquirido. É sim um blockbuster, mas é muito mais que isso. Um reboot que funciona, com o protagonista certo: Andrew Garfield e Marc Webb fizeram nascer um novo Peter Parker.
8/10
Ficha Técnica:
Título Original: The Amazing Spider-Man
Realizador: Marc Webb
Argumento: James Vanderbilt (história), Alviman Sargent, Steve Kloves, Stan Lee (banda desenhada) e Steve Ditko (banda desenhada).
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Denis Leary, Martin Sheen, Sally Field
Género: Acção, Aventura, Fantasia
Duração: 136 minutos
Crítica escrita por: Inês Moreira Santos
*Por opção da autora, este artigo foi escrito segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1945.