O Espalha-Factos veio a Serralves visitar o mais recente trabalho de João Paulo Feliciano, uma proposta lançada pela Fundação que, em conjunto com a marca Samsung, desafiaram o artista a criar uma instalação que envolvesse o público. João Paulo Feliciano, natural das Caldas da Rainha, conta hoje com um percurso invejável, que se desdobra por todas as artes e manhas da contemporaneidade: pintura, instalação, música, som, fotografia, luz, entre outros. Aos 49 anos, o artista revela-se multifacetado e com um vasto currículo que, desde 1984 tem contribuído para o alargamento cultural do país, e a tantos níveis.
Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Lisboa, João Paulo marcou desde cedo presença em vários campos expressivos, como por exemplo o musical, onde colaborou com nomes como Lee Ranaldo (Sonic Youth), Rafael Toral, David Toop, o australiano Christian Fennez, entre outros. Foi o responsável pelo espetáculo Acqua Matrix, da Expo 98, e detém ainda, desde 2009, uma orquestra, criada em parceria com o seu irmão (Real Combo Lisbonense) e uma editora discográfica e de produção musical, a Pataca Discos. Apesar de toda a variedade, Feliciano ganha destaque nas artes plásticas e na música.
O resultado deste trabalho é, por sinal, bastante simples: uma verdadeira galeria ambulante, que aproveita os espaços singulares do jardim e apela a um deambular atento neste. A ideia é cada indivíduo utilizar os seus smartphones, tablets, e toda a tecnologia de “realidade aumentada” para desmistificar a própria obra; esta é composta por sinaléticas, espalhadas no exterior, e promove uma experiência interativa entre o aparelho pessoal e o código inscrito que, tecnologicamente falando, imprimem arte no ecrã do seu dispositivo.
A exposição passa um pouco despercebida, até pela falta de dinamização da própria fundação; no entanto, este secretismo apela a um público explorador, curioso, participante e implicado na arte. Como se a intenção fosse apagar a vitrine que normalmente separa as obras do público.
A aplicação multimédia necessária para participar deve ser descarregada para o dispositivo antes de iniciar o percurso e é totalmente gratuita. A instalação mantém-se até dia 3 de junho.
A Fundação propõe uma visita diferente aos seus espaços, num projecto, como o próprio nome indica das “Walls to the People”. Sem avisos para “não tocar”, esta é uma experiência que promete envolver galeria, artista e público na mesma obra de arte.