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MONSTRA

Animação que se distingue

Sábado, o penúltimo dia do MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa, fica marcado pela distinção do cinema de animação português. O Sapateiro de David Doutel e Vasco Sá é o primeiro filme a levar para casa o troféu do Prémio SPA/Vasco Granja.

O grande vencedor da noite seria o português João Miguel Ribeiro, conquistando três prémios. O criador arrecadou o Prémio do Público na categoria de Competição Internacional com Viagem a Cabo Verde. O realizador via ainda Dodu – O Rapaz de Cartão ser distinguido com o Prémio de Melhor Filme para a Infância e Juventude e com o Prémio de Melhor Série de Televisão.

Competição Internacional 05’

Com sala lotada – cenário raro nos últimos cinco dias -, as curtas-metragens em competição estiveram à altura das expectativas dos espectadores e justificaram a honrosa afluência. 13 filmes, de vários realizadores europeus, japoneses e canadianos, que brindaram o público com uma série de recentes animações, deixando transparecer duas características comuns: o dinamismo e a originalidade de todos. Destaque ainda para 3 obras portuguesas que aqui concorreram pelo prémio internacional: Dodu – O Rapaz de Cartão, de José Miguel Ribeiro; Vacas, de Isabel Aboim Inglez e Afonso Henriques, o Primeiro Rei, de Pedro Lino.

Histórias variadas, aventuras para todos os gostos. Desde planos místicos até narrativas trágicas, passando por um caloroso abraço ao mundo do fantástico, houve ainda tempo (e espaço!) para algumas animações tenebrosas, integradas no campo do humor negro. yntyrnäpäivä/Birthday, do realizador finlandês Jari Vaara é disso exemplo. A curta debruça-se sobre a  vivência de uma família sui generis, quando uma mãe utiliza uma lâmina para retirar o cérebro do filho e, mais tarde, lho serve como refeição.

Grant Orchard, da Grã-Bretanha, apresenta-nos no seu A Morning Stroll o percurso de uma intigrante galinha, que, durante anos, se cruza com um homem e, altiva, segue o seu rumo, tocando à campainha e entrando numa casa das imediações. O sucedido dá-se em 1959, prossegue em 2009 e mantém-se em 2059 quando o homem, transformado em zombie, permanece intrigado e segue a galinha que, depois de uma série de acontecimentos, o acaba por assassinar.

orobej kotoryj umel dergat’ slovo/The Sparrow who kept his word, de Dimitry Geller (Rússia), conta a história de um pardal, residente numa sala de cinema de Moscovo, que, durante anos, testemunha a sua evolução. Até que um dia o sol foge da cidade, e o pardal se enfadonha. Mas, crendo num boato utópico, permanece, noite e dia, num ramo de árvore em frente ao cinema, na expectativa de que o sol reaparecesse. E eis que, depois de uma tristonha noite, brotam os primeiros raios de sol, trazendo de volta a alegria e felicidade a Moscovo. Tudo graças ao mais insólito vigilante do cinema: o heróico pardal.

Eis que, como final apoteótico, surge ainda Afonso Henriques, o Primeiro Rei, do português Pedro Lino. Uma dinâmica e pedagógica curta sobre o início da nacionalidade, e as conquistas das primeiras terras. Uma aula de história em desenho animado, que ensinou aos mais novos o nome das primeiras batalhas e lhes transmitiu os primórdios de uma cultura e de um povo, sem nunca se tornar entediante.

Prémio SPA | Vasco Granja

Pelas 18h00 a Sala 3 do Cinema São Jorge estava praticamente cheia para assistir às curtas-metragens portuguesas em competição pelo Prémio SPA/Vasco Granja. Os Milionários, Noall & Curios in Torchdog, Bruxas, Ginjas – Episódio 14, My Music, O Sapateiro, Quem é Este Chapéu?, Mulher Sombra, O Dilúvio, A Independência de Espírito e Sem Querer? foram os 11 filmes a concurso.

O Sapateiro merece especial destaque, não somente por ter sido o vencedor do júri na categoria, mas pela sua verdadeira qualidade. Com uma animação original e uma história tocante, o filme de David Doutel e Vasco Sá conta a história de um sapateiro que, certo dia, no meio de memórias de um passado feliz vai descobrir o seu rumo. O outro vencedor, desta vez do Prémio do Público, foi A Independência de Espírito, de Marta Monteiro, uma interessante e divertida história com uma protagonista que um dia dá por si a falar com as suas plantas. Sem paciência para os amigos que lhe telefonam por motivos fúteis, ela parece encontrar nas suas flores um melhor companheiro de conversa, e vai percebê-lo graças à sua vizinha, que fala com tachos.

Os Milionários, de Mário Gajo de Carvalho, uma curta mais sangrenta que gira em tornos dos vários “donos” de uma mala de dinheiro, ou Sem Querer?, de João Fazenda e João Paulo Cotrim, um filme colorido sobre uma mulher que vive obcecada por um quadro, também se destacaram na competição portuguesa.

SESSÃO DE ENCERRAMENTO

Depois de uma performance de dança contemporânea da também realizadora Noriko Morita, vestida como um pássaro branco e acompanhada pelo som do piano, era altura de conhecer os grandes vencedores da 11ª edição do MONSTRA.

Numa cerimónia marcada por bastantes imprevistos, o público ficou a conhecer aqueles que foram considerados como os melhores projectos de animação. O Espalha-Factos deixa aqui a lista completa:

Prémio Curtíssima Portuguesa / Carl Zeiss: Ainda o Natal |Cláudio Sá

Prémio Curtíssima Internacional: Sinestesia de Saudades |Eric Tortora Pato |

Prémio Melhor Filme de Estudante Português – Júri Júnior: Camera Obscura | Marta Maia

Prémio Melhor Filme de Estudante Internacional – Júri Júnior: Promisses | Aki Kono |

Prémio Melhor Estudante Português /MEO: Conservar |Colectivo de Jovens de Portimão e Colectivo Fotograma 24

Prémio Melhor Filme de Estudante Internacional (ex-aequo): The Renter | Jason Carpenter | e We may meet we may not| Skirma Jakaité |

Prémio do Público – Melhor Filme Internacional: Omerta | Nicolas Loudot, Fabrice Fiteni, Arnaud Janvier, Gaspard Roche |

Prémio Onda Curta: Nullarbor | Alister Lockhart, Patrick Sarell| ;  Nightingales in December| Theodore Ushev|; About Kilking the Pig | Simone Massi

Prémio do Público – Competição Internacional: Viagem a Cabo Verde |João Miguel Ribeiro |

Prémio Melhor Banda Sonora: Sleep |Claudius Gentinetta

Prémio Melhor Filme Infância e Juventude: Dodu – O Rapaz de Cartão | João Miguel Ribeiro

Prémio Melhor Série de Televisão: Dodu – O Rapaz de Cartão | João Miguel Ribeiro

Prémio Especial do Júri/Cidade de Lisboa: Maska | Quay Brothers

Prémio Melhor Filme Internacional – RTP2/Grande Prémio Monstra: Body Memory | Ülo Pikkov

Prémio SPA/Vasco Granka: O Sapateiro | David Doutel e Vasco Sá

Prémio Público Português: Independência de Espírito | Marta Monteiro

O Monstra – Festival de Animação de Lisboa está mesmo a despedir-se de mais uma edição. Depois de um sábado de emoções, aguarda-nos um último dia para a família, com a projecção de filmes como o clássico de gerações Bambi, o mais recente Animais Unidos ou La Maison des Contes. A não esquecer também as duas sessões onde se poderá assistir aos filmes premiados na cerimónia de encerramento.

*Artigo de Inês Moreira Santos, Wilson Ledo e Daniel Veloso

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