Finalizada esta semana, ficámos a conhecer todos os intérpretes que pisarão o palco do Festival Eurovisão da Canção, a realizar de 22 a 26 de maio, em Baku, no Azerbaijão. De todas as músicas, também só falta uma ser revelada, a do Reino Unido.
O Azerbaijão, país vencedor na edição passada, não quer deixar créditos por mãos alheias e Sabina Babayeva honra bem a tradição competitiva dos anfitriões. Esta é uma balada agradável, que encaixa perfeitamente na voz grave de Sabina, e que passa a mensagem de que, este ano, não há qualquer intenção por competir por um lugar no pódio. Um interessante registo, boa música para ouvir.
http://www.youtube.com/watch?v=gA9wT2IL_tQ
E em 2012, baladas parece que não faltarão. Iris apresenta-se em palco com uma canção bastante soft, e até algo comum, mas que nos dá vontade de ouvir outra vez. A escolha da forma como se apresentará em palco será decisiva para a classificação da Bélgica, uma vez que, sendo um tema que não é especialmente forte, necessitará de apoio cénico para se destacar mais. Esperemos que, para a Eurovisão, a televisão belga se dedique um bocadinho mais que para a edição 2012 da Eurosong.
http://www.youtube.com/watch?v=wTMLb_mIwjw
Korake ti Znam, a escolha da Bósnia-Herzegovina, dá um novo sentido à palavra balada, tão badalada nos últimos tempos, tal é a quantidade de músicas lentas que este ano concorrerão à Eurovisão. Não sabemos se é por 2012 estar a ser um ano deprimente, ou se foi mero acaso, mas será difícil arranjar lugar para todas na final do concurso. A música bósnia é a mais calma das canções apresentadas, numa experiência vintage bastante zen, que junta o charme de uma intérprete bastante segura ao dos instrumentos tradicionais. Pode não chegar longe na tabela classificativa, mas não deixa de ser uma aposta muito interessante.
http://www.youtube.com/watch?v=Oy88RUN8D8o
A Itália escolheu Nina Zilli, já todos sabíamos. Primeiro disseram que seria com Per Sempre, mas depois arrependeram-se. A quantidade de baladas, e clara inferioridade perante a concorrência espanhola, deve ter ajudado à mudança nas preferências da televisão italiana. A classificação do ano passado, um honroso segundo lugar, é difícil de superar. No entanto, Nina pode destacar-se com L’ Amore é Femmina, uma escolha jazzy que encaixa perfeitamente na portentosa voz da intérprete. Seria um bom sinal, caso a Itália ganhasse. Já se juntou ao rol das minhas favoritas.
http://www.youtube.com/watch?v=wPOvaPQ0xRA
A Moldávia este ano é representada por Pasha Parfeny, segunda escolha do televoto, mas vencedor na votação do júri. Uma espécie de folk cómico, com uma coreografia que nos pode distrair de tudo o resto. Ainda que seja apreciável o contacto com as raízes étnicas da música moldava, tudo o resto me parece equivocado. Espero que não passe à final.
http://www.youtube.com/watch?v=8o-ykAs_jtE
Patinho feio na Eurovisão, o Montenegro nunca se conseguiu destacar sem a Sérbia, será este ano? Rambo Amadeus apresenta-se com Euro Neuro, uma canção paródia cheia de jogos de palavras e uma crítica mais ou menos expressa às falhas da europeização. Chega a ficar no ouvido, e o Montenegro aproveita-se do papel de eterno desfavorito para fazer uma escolha arriscada. Um regresso… interessante!
http://www.youtube.com/watch?v=Yzw09JcZHXc
E se o Montenegro aproveita a condição de pouco favoritismo para brincar um pouco com a situação, San Marino demonstra o porquê de nunca ter obtido classificações dignas de registo. A música deste ano é quase inenarrável. Fala do Facebook, mas parece que foi feita em 1997. Não consigo entender o que é que se poderá ter passado. Satírica, diz a versão oficial. Um equívoco, acredito eu. Mas as apostas dizem que passa à final: o problema é meu?
http://www.youtube.com/watch?v=ZG7Q7BCGCNQ
Falta apenas ser apresentada a música do Reino Unido, com o veteraníssimo Engelbert Hemperdinck a ser o escolhido por Terras de Sua Majestade. Uma escolha para conhecer amanhã.
Em Portugal, algumas novidades sobre a nossa participação. Afastados dos 10 primeiros da nossa semi-final por quase todas as previsões até agora apresentadas, os portugueses insistem no entanto em não apresentar uma versão bilingue, ou mesmo inglesa, da música que venceu o Festival da Canção. Carlos Coelho, autor de Vida Minha, declarou à Notícias TV que “Isto é português. Está fora de questão traduzir para inglês uma parte da letra“, numa reação aos comentários de Filipa Sousa, que admitia uma parte da música noutra língua.
Numa entrevista, o diretor da RTP, Hugo Andrade, falou sobre os custos de organizar o Festival Eurovisão da Canção: 14 milhões de euros. Um custo a ser dividido por todos os participantes, e não só custeado pelo vencedor. Numa entrevista que contraria a opinião de que a estação pública não põe o cenário de vitória na Eurovisão, Andrade afirma que “A RTP tem de ter capacidade para organizar a Eurovisão“, explicando que os Big5 – Itália, Espanha, Alemanha, França e Reino Unido – são quem paga a maior fatia no orçamento do Festival.