Amores, desamores, mentiras e boas intenções. Estes são os principais elementos que descrevem o filme de Pierre Salvadori, Uma doce mentira, que estreia hoje, dia 8 de março, em Portugal. Esta comédia romântica com uma intriga muito elaborada e protagonizada pela doce Audrey Tautou vai fazer as delícias dos espectadores. Se quiser ver uma história hilariante e maravilhosamente bem construída , este é o filme recomendado para si.
Ao contrário das comédias românticas que vemos atualmente a ocupar as salas de cinema, Uma doce mentira supera todas as expectativas, trazendo um enredo capaz de prender o espectador à cadeira. Algo que já não se via há muito tempo neste género cinematográfico.
A história escrita por Pierre Salvadori e Benoît Graffin é centrada na vida rotineira de Émilie, dona de um cabeleireiro numa cidade pacata. Quis o destino que o eletricista/canalizador do salão, Jean, se apaixonasse por Émilie, a mulher que o contratou e deu a oportunidade de começar de novo a sua vida. Émilie recebe uma carta de amor anónima redigida por Jean, encantado desde a primeira vez que colocou os olhos na patroa. Émilie não sabe dos sentimentos do empregado e ignora a carta do admirador secreto. Contudo a história da carta não termina por aqui. Émilie reencaminha a carta anónima para a a sua mãe Maddy, que se encontra à beira da depressão, por não conseguir ultrapassar a separação do marido. Esta mentira camuflada por boas intenções transforma-se num turbilhão de mal entendidos, dando várias reviravoltas entre o trio: Émilie, Jean e Maddy.
O triângulo amoroso retratado neste filme contorna os habituais clichés que os filmes deste género seguem. Embora seja um trio bizarro, o público simpatiza com essa peculiar estranheza, dando uma abordagem ainda mais cómica da situação. Todas as personagens são consideradas vítimas nesta confusão iniciada pela carta e para resolver os mal entendidos cada um se depara com os seus medos e desejos, refletindo sobre a sua verdadeira essência nas múltiplas atitudes ao longo da trama.
Jovial e sedutora como sempre, Audrey Tautou volta ao cinema interpretando a filha bem intencionada Émile. A sua personagem já é por si repleta de caracteristicas interessantes, mas a atriz conseguiu dar o toque final e executar o papel de uma forma irrepreensível. Mesmo sendo uma personagem mimada e egoísta, o espectador não consegue ter aversão ao seu génio. A atriz tem evoluido exponencialmente na interpretação dos seus papeis. Cada vez mais distancia-se da famosa personagem Amélie Poulain e vai explorando outras facetas da sua performance.
O único senão do filme é o desenvolvimento do romance entre Émilie e Jean, que só começa a intensificar-se na reta final da história. Os guionistas cederam às tentações e introduziram um final feliz, bem ao agrado do público. Porém não houve uma evolução amorosa intensa entre estes dois personagens ao longo da trama e , por conseguinte, o final ficou sem sabor. A sensação com que se fica no final do filme é que ainda falta história para justificar essa conclusão feliz tão repentina, como se houvesse uma lacuna entre o meio do enredo e o fim que ainda não foi preenchida.
Apesar do final pouco comovente, o filme em geral está muito bem estruturado e proporciona grandes momentos de comédia com um excelente elenco. Uma doce mentira é tão doce como o próprio título, com planos de pormenor interessantes, que captam o entusiasmo do público e vão revelando aos poucos os segredos do enredo. Fica aqui a sugestão de uma ótima comédia para toda a família, tendo como base uma carta de amor, algo que também já não se via há muito tempo no cinema.
8/10
Ficha Técnica:
Título Original: De vrais mensonges
Elenco: Audrey Tautou, Nathalie Baye, Sami Bouajali, Stéphanie Lagarde
Realizado por: Pierre Salvadori
Escrito por: Benoît Graffin e Pierre Salvadori
Género: Comédia, Romance
Duração: 105 min