Para alguns um dos mais esperados filmes do ano chega finalmente aos cinemas: A Saga Twilight: Amanhecer – Parte 1 traz consigo o início do fim da saga de vampiros (e lobisomens) mais badalada dos últimos anos. Depois de Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse, o sucesso de bilheteiras (que já o fora nos livros) está prestes a terminar.
Parece tornar-se hábito agora dividir o último capítulo dos filmes mais rentáveis (e que normalmente trazem consigo um gigantesco número de fãs) em dois, veja-se Harry Potter e os Talismãs da Morte. Com Amanhecer acontece o mesmo, e o que parece aqui interessar não é de todo a qualidade do filme (facto que não acontece em Harry Potter, cujos dois últimos estão entre os melhores da saga), mas sim dinheiro.
Dos quatro filmes, Amanhecer – Parte 1 é, sem dúvida, o mais fraco, distanciando-se a léguas do primeiro, Crepúsculo (realizado por Catherine Hardwicke), que conseguiu ser mediano, ou mesmo de Eclipse (David Slade) teve alguns pontos positivos.
No quarto filme realizado a partir da saga de Stephenie Meyer, depois de tudo o que têm passado, Edward e Bella casam, partindo de seguida em lua-de-mel para o Rio de Janeiro. Semanas depois, Bella descobre que está grávida de um ser híbrido, meio humano, meio vampiro. Rapidamente percebem que o bebé está a crescer demasiado depressa e que o corpo de Bella não está preparado para o receber. Ao mesmo tempo, a matilha de lobos Quileute, ao saber da gravidez e temendo o ser que está prestes a nascer, decide que tem de matar mãe e cria. Desta forma, a paz estabelecida entre vampiros e lobisomens é posta em causa e todos se preparam para uma guerra.
Desta vez é Bill Condon que realiza, mas o resultado não é nada animador. O argumento, já se sabe, não é nada de especial, e assenta sobretudo na muita fantasia e romantismo. Todavia, tudo poderia ser tratado de outra forma, sem cair no ridículo como tantas vezes acontece neste penúltimo episódio da saga Twilight. Muitos momentos tornam-se de tal forma cómicos que, inevitavelmente, algumas gargalhadas se começam a fazer ouvir na sala de cinema. A cena do parto que, certamente, irá pôr os fãs em lágrimas, torna-se, a certo momento, engraçada pelo exagero da situação.
A escolha do Rio de Janeiro como destino de lua-de-mel de Edward e Bella pode ter, por um lado, algumas vantagens neste filme. É interessante ver os dois protagonistas nas ruas do Brasil, que são o oposto do local de onde vêm. Todavia, é-nos impossível esquecer que Edward Cullen é um vampiro, mas neste filme não o vemos brilhar quando exposto ao Sol (como nos foi explicado que acontecia, logo no primeiro filme). Interessante, apesar de tudo, é o facto de podermos ouvir Robert Pattinson falar em português (do Brasil), nesta primeira parte de Amanhecer.
As tão aguardadas cenas de sexo entre o casal não revelam nada de mais, fazendo parecer que este se quer um filme feito para uma faixa etária talvez mais baixa do que aquela que realmente o acompanha.
Tudo parece acontecer muito rápido, contudo, a acção pouco avança neste filme, que, em muitos momentos, se torna monótono, onde não faltam os grandes planos dos protagonistas que nada acrescentam de positivo. As cenas com um pouco mais de acção são-nos proporcionadas pelo momento do parto ou quando a alcateia entra em cena, todavia, nada de realmente surpreendente acontece.
O elenco, que tantos fãs reúne, continua a ter prestações muito fracas. Kristen Stewart continua a ser uma Bella sem sal, com muito pouca expressividade, com um ou outro melhor momento enquanto grávida. Robert Pattinson parece continuar a querer ser apenas uma cara bonita e pouco mais. Taylor Lautner vai pelo mesmo caminho, apesar de umas poucas excepções em determinados momentos deste filme.
O que há de realmente bom a apontar em Amanhecer – Parte 1 (e já tem sido também de grande qualidade nos outros filmes da saga) é a banda sonora. Iron & Wine volta a marcar presença com o seu lindíssimo tema Flightless Bird, American Mouth, que acompanha a cena do casamento. Bruno Mars, Christina Perri, Angus & Julia Stone ou The Features são outros dos nomes que dão música a este filme.
Apesar de mostrar muito mais sangue que os seus antecessores, Amanhecer – Parte 1 não se destaca por nada para além da sua banda sonora. O marketing tomou mais uma vez conta do cinema e a qualidade parece ter sido esquecida. Resta esperar que as nuvens passem e que a última parte deste Amanhecer traga um Sol um pouco mais radioso.
4/10
Ficha Técnica
Título Original: The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 1
Realizador: Bill Condon
Argumento: Melissa Rosenberg, a partir do livro de Stephenie Meyer
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner
Género: Aventura, Drama, Fantasia
Duração: 117 minutos
Crítica escrita por: Inês Moreira Santos