O terreno pertenceu aos Buraka e o público de Lisboa vibrou. O primeiro concerto de apresentação do novo álbum Komba teve lugar no Coliseu dos Recreios, dia 10 de Novembro. A banda é conhecida por ter uma sonoridade peculiar, que funde os ritmos tribais africanos com o som electrónico dos sintetizadores.
As portas do Coliseu abriram-se às 20h e na chegada ao recinto já se ouviam músicas conhecidas. Na abertura do concerto, os Yes We Groove, patrocinados pela Cidade FM, aqueceram o início da noite com os grandes êxitos internacionais. Little Bad Girl, Hello, Beautiful People, foram alguns dos temas que os Djs da rádio apresentaram. O Coliseu dos Recreios transformou-se numa autêntica discoteca e a plateia era a sua pista de dança. O público, maioritariamente entre os 16 e 30 anos, aceitou o desafio e dançou ao som dos grandes hits.
Lançaram-se chocolates, tiraram-se fotografias, mas a audiência já se encontrava impaciente, aguardando a chegada dos Buraka. O compasso de espera foi longo para os fãs, que através de gritos e bate pé apelavam pela presença da banda do Wegue Wegue. Quinze minutos foram suficientes para montar o palco com todo o material. Três paineis ergueram-se, um em forma de caveira, tal como na capa do álbum e dois rectangulares nas laterais, preparados para receber as fotografias que iriam ser projectadas durante o espetáculo.
O som do ritmo cardíaco, acompanhado por imagens de electrocardiogramas, marcou o início do concerto e foi gradualmente aumentando até culminar com a entrada dos três anfitriões da noite, os MCs: Blaya, Kalaf e Conductor. O ambiente era contagiante, quando as luzes incidiram sobre as silhuetas dos cantores. O público saltava ao som do beat e articulava freneticamente o nome da banda desejada. Hangover, ou simplesmente o silábico BABABA, foi o tema escolhido para introduzir a turné do álbum Komba, que significa “a celebração da vida”, como afirmam os Buraka.
Ao longo da noite ouviram-se músicas do novo disco, mas também recordou-se algumas canções do primeiro álbum, que lançou a sua carreira a nível internacional, nomeadamente o antigo Wawaba, Wegue Wegue, Ya! e Sounds of Kuduro. Certos remixes inéditos foram realizados pelo Dj dos Buraka. Algumas músicas da banda foram fundidas com outros temas, como Destination Unknown de Alex Gaudino e Breathe dos electrónicos The Prodigy.
O concerto teve direito à participação especial de Sara Tavares, que também surgiu visualmente nos ecrãs, no tema mais romântico da noite Voodoo Love, a presença inconfundível de PongoLove a dar voz a Kalemba (Wegue Wegue) e a performance electrizante de um membro dos Pupilos do Kuduro, que dançou a tarrachinha com a actual vocalista. Na recta final do espetáculo, as meninas da audiência foram convidadas a pisar o palco ao lado dos Buraka e uma chuva de confetis e serpentinas coloridas foram lançados à plateia em ambiente de festa e animação. A banda terminou o concerto com o single We stay up all night, dedicado por Kalaf “a todos os morcegos noctivagos da noite” e remixado com All night long de Lionel Richie, música que fez sucesso nos anos 80.
Apesar do concerto não ter tido casa cheia, as pessoas que estiveram no coliseu valeram por mil e abanaram o “esqueleto”. Na audiência havia caras conhecidas do mundo do espetáculo, como Rita Pereira (Doce Fugitiva, Remédio Santo) e Afonso Pimentel (Floribella, Coisa Ruim), que também vibraram com a música. O show dos Buraka continuou depois do concerto, no Lux Frágil, em St Apolónia, Lisboa, sendo a prova que eles ficaram acordados toda a noite.
Reportagem: Sara Alves
Fotografia: Manuel Lino e Rita Carmo