De Bujar Alimani, Amnistia é o filme albanês candidato aos Óscares do próximo ano, e marcou presença no Lisbon & Estoril Film Festival, onde é um dos filmes em competição. Trata-se da primeira longa-metragem de Alimani, cuja filmografia conta com mais duas curtas (The Compass e Gas, ambas de 2008). O simpático realizador esteve presente na sessão e respondeu às questões dos espectadores, numa conversa informal.
Amnistia, contudo, deixa muito a desejar, apesar da boa intenção em mostrar o dia-a-dia de uma Albânia ainda em conflito consigo mesma, e “que procura a sua identidade no panorama europeu”, como o próprio realizador refere.
O filme conta as histórias de Spetim e de Elsa, cujos respectivos companheiros estão presos. As reformas no sistema penal permitem agora o encontro sexual de casais uma vez por mês. Numa dessas visitas à prisão, os dois conhecem-se por acaso e dão início a uma relação, que pode ter os dias contados. Amnistia apresenta a vida dos seus protagonistas na Albânia actual, onde imperam o desemprego, as dificuldades económicas e as estruturas patriarcais.
Com um argumento interessante, apesar de não ser surpreendente, este poderia ser um filme mediano, mas não o é. Bujar Alimani realizou um filme bastante fraco, com pouquíssimos diálogos que o tornam muitas vezes monótono e de difícil compreensão. Diz-se que uma imagem vale mas do que mil palavras, mas, neste caso, não é isso que acontece. A juntar a isto, há cenas completamente despropositadas, que parecem estar ali apenas para encher, pois não acrescentam nada de positivo ao filme ou, noutros casos, são muito pouco verosímeis.
As cenas de sexo são recorrentes e talvez exageradas. Contudo, são elas que fazem dar conta dos meses a passar, já que as visitas intimas têm lugar apenas uma vez por mês. Já o final de Amnistia deixa também muito a desejar, apesar de invocar os valores da sociedade albanesa, ainda algo retrograda.
Ainda assim, de positivo pode destacar-se o paralelismo entre as histórias de Elsa e de Spetim, que é feito no início do filme, até que ambas se cruzam por um divertido acaso. Também o trabalho de direcção de fotografia é interessante, onde as imagens nos são apresentadas num ligeiro tom conhaque, a bebida que, no filme, une as duas personagens.
A tentativa feita pelo realizador poderia ter tido um resultado bem melhor, mas o que Amnistia nos traz não é positivo. Consegue ter-se uma boa percepção das dificuldades sociais atravessadas nesta Albânia em transição, realidade que é mostrada de perto, mas a totalidade do filme deixa muito a desejar.
4/10
Ficha Técnica
Título original: Amnistia
Realizado por: Bujar Alimani
Escrito por: Bujar Alimani
Elenco: Luli Bitri, Karafil Shena, Klevis Bega
Género: Drama
Duração: 83 minutos
Crítica escrita por: Inês Moreira Santos