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Revolução no Facebook

A rede social de Mark Zuckerberg está em transformação. Na última semana, os utilizadores foram surpreendidos com vincadas alterações nas páginas de perfil, na timeline e nas definições de privacidade. Brevemente, a partilha de música ganhará um ainda maior destaque nesta rede. O Facebook está a mudar para melhor?

A maior polémica tem recaído sobre a introdução do ticker, uma pequena caixa que se situa em cima do chat e mostra todas as actualizações dos nossos amigos (ou das pessoas que subscrevemos): novas amizades, comentários, “gostos” e publicações no mural. Muitos se queixam de que a sua privacidade é invadida, uma vez que todas os nossos amigos têm acesso a cada uma das nossas acções nesta rede social.

A parte mais positiva desta novidade é o facto de o feed de notícias ficar mais “limpo” de alguns conteúdos desinteressantes. O feed de notícias sofreu ainda outras alterações: baseado na proximidade que temos com os nossos amigos (número de “gostos”, etc.), são automaticamente destacadas as publicações mais importantes, que se sobrepõem às “histórias recentes”.

As alterações nos perfis são gigantes. O design das páginas é completamente diferente e a organização das informações pessoais, das publicações e das fotografias também. Para além da fotografia de perfil, existe também uma capa: uma imagem de maiores dimensões que serve como cabeçalho de boas-vindas. A história da nossa vida (ou da nossa experiência no Facebook) é-nos apresentada numa barra cronológica; ou seja, podemos muito facilmente ter acesso às nossas histórias antigas e procurar determinado acontecimento de um ano ou mês específicos.

Como o baú das antiguidades nem sempre reserva apenas boas surpresas, foi também criada uma definição de privacidade especial: podemos gerir a visibilidade das histórias antigas (aquilo que havíamos partilhado publicamente pode agora ser visto apenas por / ser ocultado a algumas pessoas ou listas em concreto – como os nossos colegas de trabalho, por exemplo). No nosso mural, agora apelidado de cronologia, podemos dar destaque especial a certas publicações: no caso das fotografias, o seu tamanho aumenta e ocupa um maior espaço no ecrã.

Registar toda a nossa vida nesta rede social acaba por se revelar um fracasso, uma vez que o Facebook é utilizado massivamente em Portugal há apenas cerca de dois anos, enquanto que as nossas memórias são, naturalmente, muito mais velhas. Por mais que tentemos, a maior parte das nossas memórias nunca serão registadas na barra cronológica (muito incompleta).

Para todos aqueles que gostam de registar todos os acontecimentos do quotidiano nesta rede, foram criados botões especiais, dos quais se destacam “Saúde e Bem-Estar” e “Marcos e Experiências”. Surge, por exemplo, a opção de relatar a fractura de um osso: escrevemos, em caixas de texto diferentes, qual foi o osso ou a parte do corpo, a data, se estávamos acompanhados, onde aconteceu e, numa caixa de texto maior, podemos explicar a situação com mais pormenor. A história é publicada e fica, naturalmente, na cronologia da nossa vida.

A todas as nossas fotografias, actualizações de estado e ligações é possível adicionar uma localização. No nosso perfil existe um mapa onde as histórias são dispostas em função dessa localização. Clicando numa determinada cidade onde já tenhamos estado, aparece tudo aquilo que lá partilhámos.

Às listas de amigos, pormenor ao qual a maioria dos utilizadores nunca prestou grande atenção, o Facebook dá mais relevo: em função da localização dos nossos amigos, do seu trabalho ou da ligação familiar, são automaticamente criadas listas; sempre que actualizamos o estado ou partilhamos algo no nosso mural, podemos restringir a sua visualização de forma mais fácil.

Todas estas alterações podem tornar a experiência de Facebook muito mais aliciante para quem lhe dedica algum tempo, se interessa por conhecer a maior parte das funcionalidades e sabe gerir a sua privacidade. Para os utilizadores mais casuais, estas alterações tornam o Facebook mais burocrático e perigoso, pois há uma maior quantidade de informações pessoais a nu.

A barra azul situada no topo da página é, agora, imóvel. Depois de quilómetros de scrolling, os utilizadores eram obrigados a fazer o caminho inverso quando queriam regressar à página inicial do site ou ver as notificações, mensagens e pedidos de amizade; com esta alteração, as nossas viagens no feed de notícias e nos murais dos nossos amigos ficam mais confortáveis. (Nota: no Internet Explorer esta alteração não se verifica).

O chat, problemático como sempre (os pequenos bugs manifestam-se com alguma frequência), permite agora conversas de grupo. É mais fácil adicionar amigos à conversa. Antes apenas era possível conversar em grupo através das mensagens ou via chat de grupo.

Segundo Rui Lourenço, especialista português em redes sociais e multimédia de uma empresa ligada ao Facebook, “ainda este ano” estará disponível o fruto da parceria entre o Facebook e o Spotify: uma forma mais fácil de ouvir e partilhar música entre os utilizadores e, no caso de páginas de artistas, a possibilidade de vender directamente as suas músicas. “As alterações já estão a ser testadas“, adianta.

Primeiro estranha-se, depois entranha-se“: poderão vir a gostar do renovado Facebook mas, por enquanto, são muitos os que se insurgem contra as alterações.

*Com a colaboração de João Morais, Pedro Coelho e Raquel Silva