Invadiram os cinemas pela primeira vez em 1968 pela mão de Franklin J. Schaffner e com Charlton Heston como protagonista. O sucesso foi tão grande que várias sequelas se seguiram nos anos seguintes (1970, 1971, 1972, 1973), não alcançando nem de longe o sucesso de Planeta dos Macacos. Em 2001, foi a vez de Tim Burton tentar a sua sorte com o remake do original, mas o resultado não foi famoso. Dez anos depois dessa tentativa, surge uma espécie de prequela do clássico. Planeta dos Macacos: A Origem, pretende dar uma nova vida à história que junta homens e macacos.
Rupert Wyatt (The Escapist, 2008) atirou-se de cabeça nesta prequela que se consegue assemelhar e ao mesmo tempo distinguir do filme de 1968. Não é preciso ver Planeta dos Macacos para perceber a sua Origem, mas não deixa de ser interessante fazê-lo para poder encontrar os pontos de ligação. De todos os filmes Planeta dos Macacos feitos desde o original, apenas o de 2011 consegue chegar perto da qualidade do primeiro.
James Franco e Freida Pinto são dois dos nomes sonantes que compõem o elenco de Planeta dos Macacos: A Origem, que conta também com Andy Serkis a dar vida a Caesar.
Nos EUA, uma equipa de cientistas procura a cura para o Alzheimer. Após a descoberta de uma terapia revolucionária, esta começa a ser testada em chimpazés. Caesar, uma cria de um dos animais submetidos a esses testes, é criado pelo cientista Will Rodman (James Franco), que o leva para casa ainda em bebé. À medida que o animal cresce, Will, que entretanto se afeiçoou ao chimpanzé, constata uma grande evolução em todas as suas capacidades, que parecem ultrapassar as de um ser humano comum da mesma idade. Contudo, com uma inteligência superior e emoções cada vez mais apuradas, Caesar alimenta sentimentos de vingança contra os humanos que o subjugam e começa a planear uma revolta da sua espécie contra todos os que o traíram…
Como referi, este filme não se assume felizmente como remake do primeiro, pretende sim, de alguma forma, mostrar como tudo começou. Como é que os macacos começaram a superiorizar-se aos humanos, chegando, mais tarde, ao que se observa no Planeta dos Macacos de 1968. Nesta prequela há questões que nos poderão facilmente remeter para o clássico, mas isso não é o mais relevante. Os cientistas humanos deste filme podem ser facilmente comparados aos cientistas macacos do de 68, “Bright Eyes” é um nome comum aos dois filmes. Na origem, é o nome dado à mãe de Caesar, no original é o nome dado pelos macacos a Taylor, personagem de Charlton Heston. Estas serão as duas principais semelhanças entre os filmes, a que talvez também se possa juntar o momento em que Ceaser monta a cavalo, tal como os macacos de 68 faziam.
Mas mais que as semelhanças, importa referir aquilo que Planeta dos Macacos: A Origem vem trazer de novo. Antes de mais, há uma polémica que é aqui levantada: a experimentação laboratorial em animais. A questão fica no ar e parece que vai sendo respondida pelo próprio filme. Será boa ideia? Será seguro? Os resultados serão os mesmos nos humanos?
Quanto a outros aspectos, há algo de muito emocional neste filme e esse é dos mais fortes a destacar. A relação que se cria entre o cientista Will Rodman e Caesar é algo de enternecedor. O mesmo se pode dizer da relação do chimpanzé com o seu “avô”, pai de Will. Ao mesmo tempo, tudo o que o cientista faz para curar o seu pai, que sofre da doença de Alzheimer é também tocante. A personagem de Will é a que estabelece as relações mais fortes e consegue emocionar o espectador.
As personagens (humanas) não são demasiado complexas, não deixando ainda assim de ser interessantes. Principalmente a de John Lithgow, que faz conviver de muito perto com a dureza do Alzheimer. Já Tom Felton interpreta uma personagem muito pouco inteligente e que não conquistará de forma alguma a plateia.
Outros pontos fortes de Planeta dos Macacos: A Origem são os excelentes efeitos especiais. Os chimpanzés, gorilas e orangotangos, que foram criados por computador a partir de movimentos e expressões faciais dos actores, parecem mesmo reais. O trabalho da direcção de fotografia, a cargo do oscarizado Andrew Lesnie (pelo sei trabalho em O Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel) é também de louvar.
A tudo isto alia-se uma banda sonora de grande qualidade composta por Patrick Doyle (Thor, O Diário de Bridget Jones, Sensibilidade e Bom Senso, Harry Potter e o Cálice de Fogo).
Ao pé do Planeta dos Macacos de 1968, o final deste filme é pouco (ou nada) épico, mas não deixa de ser bom. A sequela fazia adivinhar-se e parece que vai mesmo acontecer. É esperar que a qualidade se mantenha. A historia em si, como se pode imaginar, causa muito menos impacto agora do que criara nos anos 60, no entanto, há outros valores que se sobrepõem aqui, tornando Planeta dos Macacos: A Origem um filme que vale mesmo a pena ver.
8 /10
Ficha Técnica
Título original: Rise of the Planet of the Apes
Realizado por: Rupert Wyatt
Escrito por: Rick Jaffa e Amanda Silver, baseado no livro La planète des singes de Pierre Boulle
Elenco: James Franco, John Lithgow, Freida Pinto, Andy Serkis, Brian Cox, Tom Felton
Género: Acção, Ficção Científica, Drama
Duração: 105 minutos
Crítica escrita por: Inês Moreira Santos