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I’m with You

Os Red Hot Chili Peppers são uma banda que dispensa apresentações. Desde 1983 que este grupo, liderado por Anthony Kiedis, tem vindo a trazer-nos Alternative Rock na sua estirpe mais Funk. Depois de um disco muito bem sucedido comercialmente, Stadium Arcadium (2006), e da segunda saída do guitarrista John Frusciante, o grupo chega-nos agora com o décimo álbum, I’m with You, lançado a 29 de Agosto, e que será hoje alvo de crítica.

Não posso dizer que I’m with You me tenha despertado grandes expectativas. Para começar, não tenho uma grande opinião de Stadium Arcadium, álbum que vejo como pouco mais que razoável. A isso, junta-se a saída de John Frusciante, alguém que sempre considerei, a par de Flea, “pedra basilar” do som da banda. Não tenho nada contra o seu substituto, Josh Klinghoffer, mas a verdade é que não fiquei muito entusiasmado com a sua entrada no grupo.

Infelizmente, não fiquei surpreendido com aquilo que ouvi em I’m with You, que me soou exactamente àquilo que esperava: um disco extremamente mediano, que continua a apostar numa sonoridade muito radio-friendly, vindo de uns Red Hot Chili Peppers que se recusam a arriscar e sair da “zona segura” onde têm estado nos últimos 10 anos. É certo que ainda está lá o Funk Rock de sempre, mas a verdade é que me parece ter menos qualidade.

Isto só piora com o facto da guitarra, outrora cheia de energia e vivacidade, soar agora muito “morna” e a meio-gás, algo que pesa, e muito, no veredicto final do disco. Apesar do baixo de Flea continuar exuberante como sempre, a verdade é que parece solitário sem a contra-partida de Frusciante na guitarra, o que é definitivamente uma pena.

Contudo, nem tudo é mau em I’m with You. Apesar de já não haver uma certa “magia” digna dos tempos áureos de Blood Sugar Sex Magik (1991) ou Californication (1999), a verdade é que o grupo de Kiedis ainda consegue, por momentos, “tirar da cartola” algumas faixas que irão, sem dúvida, agradar a alguns dos fãs mais antigos do grupo. 

Ao nível dos vocais e das letras, Kiedis mantém a sua imagem de marca, algo de que não desgosto. É certo que não sou o maior fã do vocalista dos RHCP, mas a verdade é que ele interpreta bem o seu papel na banda. Isto, aliado à produção de Rick Rubin, o eterno “aliado” da banda, mostra uma grande continuidade na sonoridade do quarteto.

Como melhores canções, devo destacar a “bipolar” Annie Wants a Baby, a contemplativa Even You Brutus?, ou a minha favorita, Goodbye Hooray, uma poderosa faixa de início ao fim. Entre as de que menos gostei contam-se Monarchy of Roses, Brendan’s Death Song ou Happiness Loves Company, peças que a meu ver são de qualidade muito baixa, e que só levam este disco para um patamar muito inferior ao nível a que a banda já nos habituou no passado.

Resumindo, I’m with You é um disco que não passa do nível mediano, e falha em suplantar o seu antecessor, Stadium Arcadium. Apesar de existirem algumas boas canções, grande parte do disco soa-me a filler pouco inspirado, algo que me entristece quando penso no historial do grupo. Resta-me apenas esperar, como acontece com a maioria dos fãs, que Frusciante volte à banda, porque sem ele, os Red Hot Chili Peppers são órfãos.

Nota Final: 5,3/10