Começaram em 2002 como um power trio e cresceram até no número de elementos da banda. Nas viagens entre o grunge e o rock com mais ou menos distorção, encontramos histórias inspiradas nas metrópoles, nos escritores russos e nos grandes pensamentos sobre o quotidiano que surgem num terraço lisboeta entre os goles de cerveja. Cheira a Feromona.
Os irmãos Diego, na voz e guitarra, e Marco Armés, na bateria, juntamente com o baixista Bernardo Barata (que se juntou à banda em 2005, depois da saída do baixista da formação inicial), são os protagonistas dos primeiros passos da Feromona . Só dois anos depois da sua criação surge o primeiro concerto; mas é com a gravação de um EP em 2006, do qual saiu o single Psicologia, que o projecto ganha contornos mais sérios.
Não havia pressa para o lançamento do primeiro álbum. Os temas Manif e Mustang chegam às playlists da Antena 3, a banda participa na sessão Concerto de Bolso, são gravados os videoclips de Psicologia e Bisturi e, também em 2007, os Feromona dão um concerto em Tóquio.
httpv://www.youtube.com/watch?v=1tkFsvSVm7s
(Psicologia)
Em Junho de 2008 é lançado Uma Vida a Direito. O tempo que passou entre o nascimento da banda e o lançamento do primeiro disco é justificado com a forma exímia como foi estruturado. 12 faixas. A melhor forma que a banda encontrou para o divulgar foi colocá-lo disponível para download gratuito no site oficial – prática cada vez mais comum num Portugal onde o produto nacional só agora parece começar a ser levado a sério.
Conversa de Cama, a sua rima regular, a guitarra melódica e a letra que aparenta ser de amor, com o indispensável cliché, formam um registo que sabe a pop com todas as condições para passar constantemente nas rádios. “Diz-me só se te faz feliz \ Dizeres-me as coisas como mais ninguém diz” parece uma fórmula de engate fatal, mas Diego Armés explica-nos que a música é dedicada ao vício de fumar; o verso “Um dia eu vou deixar de te ouvir” dá o mote para um disco cheio de pretensões de felicidade que normalmente resultam em desilusão, estampada em Mustang, Unhas ou Balada do Encore. Há espaço para a crítica social subtil em Paquiderme Magrinho e Manif. Bisturi, Vodka e Animal são as músicas mais carnais do álbum e fazem uma ponte perfeita entre Uma Vida a Direito e Desoliúde, lançado em 2010.
O primeiro álbum da banda não despertou grande atenção por parte da crítica (ou, pelo menos, a que merecia), mas a banda alargou o seu público de culto. Para além da qualidade do álbum, que agrada a ouvidos alternativos e pacientes (o melhor está nos detalhes), os elementos da banda souberam posicionar-se na internet. Diego Armés, por exemplo, exibia toda a sua cultura literária e perspicácia no seu perfil do Facebook e nos textos do seu blog pessoal. Aumentaram os seguidores e cresceu a admiração.
Em 2010, entra para a banda João Gil, para a guitarra e teclas. Os arranjos das músicas tornam-se mais elaborados e é lançado o segundo álbum, Desoliúde. Um álbum de rock puro, enérgico, com riffs poderosos. As referências carnais, envolvidas quase sempre num ambiente de raiva, são nota dominante e nem os ferros em brasa faltam. Film Noir, Selvagem Tosco, Assassina e Mulher em Gomos trazem-nos refrões acutilantes e trechos como “De peito vazio, perdeu-se alguém num mar de desejos“, “Acomodei-me ao posto de violento animal” e “Com a boca suja eu não te vou beijar“. A viagem da banda a Tóquio não foi esquecida, com Narita Express, e a polémica mulher de Kurt Cobain também dá o nome a uma música.
httpv://www.youtube.com/watch?v=cmT16yEmATg
(Selvagem Tosco)
É na última faixa do álbum, o texto falado Isto Não é Hollywood, que as referências ao ‘mundo perfeito’ se tornam completamente inequívocas. Numa obra de arte que merece toda a projecção, a banda faz uma crítica queirosiana bastante forte, ao mesmo tempo que ridiculariza Hollywood e o seu modo de vida. De um modo mais ou menos explícito, a música teve sempre um papel fundamental para a transformação da sociedade; esta criação espicaça sem reservas todos aqueles que a ouvem. A Feromona bebeu das fontes certas.
httpv://www.youtube.com/watch?v=BEFYA7HvVj0
(Isto Não é Hollywood)
A língua portuguesa é tratada com uma mestria que arrepia. Depois de Desoliúde, a banda começa a ser (finalmente) reconhecida. Não é qualquer grupo que salta do rock cru para as melodias quase pop conseguindo sempre explorar cada sentimento até ao osso.
Mais informações sobre os Feromona no seu Facebook oficial.