Este ano o Festival Laus Polyphoniae, que decorre em Antuérpia entre os dias 20 a 28 de Agosto, será dedicado à música portuguesa. Esta evocação do passado musical português dá-se a partir da idade média, passando pelo Renascimento e Barroco inicial. Na sua 18.ª edição este Festival apresenta temas provenientes de cidades como Porto, Évora e Lisboa, com especial destaque para os autores Frei Manuel Cardoso, Duarte Lôbo e Filipe Magalhães.
Em edições anteriores a polifonia italiana e britânica foram já homenageadas, mas este ano Portugal é o país eleito que, segundo o organizador do Festival Bart Demuyt em declarações à Lusa diz ser a polifonia portuguesa “tão importante quanto desconhecida”. Com os seus tradicionais vilancicos, cantigas e canções, a alma lusitana é aqui reavivada num programa que apresentará desde música da autoria de reis até de autores desconhecidos que caíram no esquecimento.
Não sendo apenas dirigido aos adultos, haverá concertos para bebés, num conceito original de dar a ouvir às crianças música portuguesa dos séculos XVI e XVII. A inaugurar será reconstituída a cena do casamento de Filipe, o Bom com Isabel de Portugal, filha de D. João I, contando com Capilla Flamenca e Maiorum & Mezzaluna para aludirem a toda a extravagância pela qual esta festividade ficou marcada, nomeadamente a contratação de uma banda régia de música, com os mais modernos instrumentos.
Na Catedral da Antuérpia o nome de Duarte Lôbo será então recordado pelo Ensemble Currende de Erik Van Nevel. Decorrerão também conferências onde serão debatidos tópicos como as relações entre a música antiga portuguesa com a dos Países Baixos, procurando-se pontos comuns, vestígios deixados e as especificidades de cada uma. As Sés de Lisboa, Porto e Évora serão abordadas em concertos dados pelo Coro da Casa da Música do Porto, do ensemble Psallentes, do Contrapunctus da Universidade de Oxford, de Magdalena Padilla, Griet de Geyter, Gabriel Díaz, Ariel Hernández e Paul Mertens. O Fado não será naturalmente esquecido com quatro tertúlias dedicadas ao mesmo, com António Rocha, Fien Sabbe e Pan Van Nevel.
Trata-se de um Festival patrocinado pelo AMUZ – Augustinus Muziekcentrum que visa promover a música internacional, desenvolvendo actividades culturais e educacionais. Percorrendo várias culturas e períodos, o AMUZ segue um estilo original que aposta na criatividade ao aliar diversas artes. Para isto a antiga Igreja de Santo Agostinho serve de palco a concertos com uma excelente acústica e apta à modernidade exigida.