O realizador Lars Von Trier assumiu, em conferência de imprensa, uma polémica simpatia por Adolf Hitler e foi descuidado a falar da Segunda Guerra Mundial, de judeus e do Holocausto. Hoje, a organização do Festival de Cannes declarou-o persona non grata.
Numa troca de palavras com os jornalistas contou que “achava que era judeu e era muito feliz por isso. Mas depois descobri que na verdade era nazi“. Mas o realizador foi mais além, ao admitir: “O que posso dizer? Eu compreendo o Hitler. É claro que ele fez algumas coisas erradas mas eu consigo imaginá-lo no fim sentado no seu abrigo… Eu simpatizo com ele, um bocadinho.”
Na sala o choque foi massivo, e até as actrizes Charlotte Gainsbourg e Kirsten Dunst, protagonistas de Melancholia, em competição no evento, fizeram notar o espanto com as declarações inconvenientes.
Rapidamente veio o pedido de desculpas, com Von Trier a declarar-se como não sendo nazi, antissemita ou racista. Não chegou, e o posto de inimigo público já foi alcançado pelo realizador, alvo de declarações bastante críticas do Ministro da Cultura francês, Frédéric Mitterrand, que as aponta como uma “provocação inaceitável”, ou mesmo da posição de força da direcção do Festival de Cinema, que o declarou persona non grata.
O filme Melancholia permanece na competição oficial, embora já tenha sido anunciado pelos responsáveis que Lars Von Trier não é bem-vindo no evento, sendo estabelecido pelos mesmos que lamentam a utilização deste espaço, “excepcional para os artistas de todo o mundo lutarem pela liberdade de expressão e criação“, para serem proferidas “palavras inaceitáveis, intoleráveis, contrárias aos ideais de humanidade e de generosidade que presidem à existência do festival“.