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O retorno de Radiohead

Os Radiohead lançaram, no passado dia 18 de Novembro, o seu oitavo álbum de estúdio, The King of Limbs, trazendo ao mundo mais um pouco do seu encanto.

Há cerca de dezoito anos a distribuir boa musica, os Radiohead são uma banda que enfrentou os 90’s, atravessou a última decada e continua viva para enfrentar a que se segue. Neste seu já longo passeio na história da música, ocorreram várias mudanças no seu registo musical. Quem ouve os primeiros álbuns,  Pablo Honey, The Bends e OK Computer, nota claramente a presença de guitarras, baixo e bateria, adotando a formação dita normal de um grupo rock. Apesar disso, estavam bastante distantes de qualquer estilo predominante como o grunge dos Nirvana ou o pop de Britney Spears, fazendo parte por isso de um movimento alternativo.  Isto sem se perder o sabor dos anos noventa. A década sente-se vivamente em músicas como Creep, Black Star ou Paranoid Android (incluindo o videoclip).

A banda evolui e os álbuns que se seguem passam a possuir uma vertente mais electrónica, ritmos mais constantes na bateria, teclas e efeitos especiais marcam muito as músicas, que acabam por criar um ambiente muito próprio e característico da música destes gigantes ingleses. Este tipo de registo renovou a sua originalidade e ajudou a definir mais acentuadamente a sua identidade, evitando que caíssem no erro da repetição e falta de criatividade, no qual caem várias bandas. Além disso, permitiu uma excelente transição para a nova década. Deixo como exemplos Idioteque, do álbum Kid A, Pyramid Song, de Amnesiac, Where I End And You Begin, de Hail to the Thief, e finalmente Weird Fishes de In Rainbows.

King of Limbs segue-se a In Rainbows e dá continuidade à sua sonoridade ampla, muito ritmada pelas batidas insistentes da bateria e deveras profunda, não fosse a presença do som de fundo proveniente dos sintetizadores e a espantosa voz de Thom Yorke.

Contudo, não acho que seja, como alguns dizem, mais do mesmo, uma redundância na sua discografia. É sim um novo album, que vem para matar a necessidade de músicas novas dos Radiohead. Matou o que tinha a matar e avivou sem dúvida a minha paixão pela banda, com músicas mágicas que subtilmente encantam e deslumbram. Ideal para ouvir à noite com o mínimo de luz possível.

De lamentar só tem a sua duração, uns meros 37 minutos de prazer auditivo. No entanto, relembro que o álbum está disponível para download no site oficial e que 37 minutos é mais do que podemos exigir nestas condições.

Lotus Flower já teve direito a videoclip, a preto e branco, no qual observamos Thom Yorke numa dança frenética e meio alucinada, que acompanha a música. O video serve bem como complemento à canção, e é um suporte visual bastante fiel à própria qualidade da música.

As músicas de Radiohead não são fácilmente digeridas, precisam de ser mastigadas para que saibam àquilo que realmente são, músicas completas e complexas. O ouvido não apanha tudo à primeira, então tem de se ouvir a segunda e a terceira, para que nada escape, para que cada bocadinho de artifício, cada som, possa ser realmente saboreado. Nesse aspeto parecem-se um tanto ou quanto com os Pink Floyd, também eles ingleses (coincidência?!). Também como certas músicas dos Pink Floyd, a música deste último álbum sugere uma viagem mental, altamente sensacional, na verdadeira grandeza da palavra.

King of Limbs é definitivamente a reafirmação dos Radiohead como uma das melhores bandas da actualidade.

9.5/10

 

httpv://www.youtube.com/watch?v=cfOa1a8hYP8

 

Artigo escrito por Luís Campos, autor convidado.

 

* Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico *