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Rango: antestreia à mexicana

No passado Sábado, dia 26 de Fevereiro, os cinemas do Vasco da Gama encheram-se de espírito mexicano para receberem Rango, o filme de animação mais recente deste ano. Agendada para as 11:00 horas, a antestreia VIP começou muito antes num ambiente festivo que fez as delícias não só das crianças como dos mais crescidos. À conversa com Manuel Marques e Luís Mascarenhas, duas das vozes da versão portuguesa, descobrimos alguns dos segredos da arte de fazer dobragens.

Chapéus mexicanos, nachos, bolos decorados com alguns dos mais  tradicionais símbolos do país, como as malaguetas e ainda dois músicos que tocaram e cantaram canções do popular mariachi mexicano, foram alguns dos elementos que assinalaram a animada manhã.

Rango marca a estreia de Gore Verbinski, realizador da sequela de sucesso Piratas das Caraíbas, no universo do cinema animado. O filme conta a história de um pequeno camaleão doméstico que enfrenta uma devastadora crise de identidade. Quando o carro em que seguia sofre um acidente, Rango é conduzido até Vila Poeira, uma terra perdida no deserto Mojave, habitada pelos personagens mais extravagantes e audazes que enfrentam um grave problema de falta de água. Vendo em Rango um herói, o camaleão é elevado a xerife sendo assim transportado para uma série de aventuras pelo velho Oeste que o ajudarão a descobrir o seu verdadeiro ‘eu’.

Na antestreia estiveram presentes alguns dos actores que dão voz à versão portuguesa de Rango, como Manuel Marques, Quimbé, Luís Mascarenhas, José Nobre, Rui Unas e Paula Fonseca . Faltaram apenas Filomena Cautela que dobra a personagem feminina principal e Cláudia Cadima, responsável pela adaptação.

Em conversa com os Espalha-Factos, o actor Manuel Marques, que dá voz a Rango na versão portuguesa, descreve a experiência de dobragem como «um prazer bestial». Quanto a este filme especificamente, Manuel declarou que «dobrar a voz do Johnny Depp foi um desafio muito bom. Este boneco (Rango) é completamente esquizofrénico, faz uma série de vozes diferentes, ele tem a mania que é actor e então para mim deu-me muito prazer». O actor confessou ainda a sua preferência pelo teatro, não deixando no entanto de salientar as vantagens deste desafio: «Na dobragem estou fechado entre quatro paredes e como ninguém me está a filmar, posso dar saltos, fazer caretas, que não estou condicionado pelo corpo ou pela imagem. Tudo isso é canalizado para a voz, então é muito mais libertador. Não estou preocupado se estou a fazer uma careta ou se não estou a namorar devidamente a câmara. É completamente diferente».

Luís Mascarenhas, que dá voz ao sapo do filme, revelou também ter preferência pela arte do teatro por uma questão de receptividade. «(No teatro) temos lá o público todos os dias, há uma interactividade. Quando fazemos televisão ou cinema, não sabemos como o público reage. Só passado um mês ou dois, e aí já é tarde para emendar». Apesar disso, o actor não deixa de realçar o quanto gosta de fazer dobragem de filmes animados, revelando-nos o segredo para um dobragem bem sucedida: «Em função dos bonecos ou das personagens procuramos um tipo de voz e um tipo de atitude. De repente temos de imaginar consoante a personagem qual será o tipo de voz, de atitude. Aqui sobretudo é um trabalho de voz, não temos expressão corporal, temos de pensar um bocado. Temos de aliar o tipo de voz que nós damos ao que já é dado em função do movimento, que nós já não podemos retirar».

Rango chega hoje às salas de cinema nacionais, tanto na versão dobrada como na original, que conta, entre outras, com as vozes de Johnny Depp, Isla Fisher, Abigail Breslin, Alfred Molina e Bill Nighy.

Nas palavras de Manuel Marques, pode-se esperar um «filme de animação completamente inovador já que foi feito a partir também dos movimentos dos actores. Um filme para miúdos e graúdos. Há coisas que os miúdos não vão perceber e que os graúdos vão adorar». Esta produção é também um «retrato porreiro e fiel do que é a vida no Oeste. E a história é muito engraçada, apaixonante, os bonecos resultam», declarou Luís Mascarenhas. O Espalha-Factos não poderia estar mais de acordo, garantindo também umas quantas gargalhadas pelo meio.