Muitos se esquecem que o cinema europeu também pode ser rotulado de «cinema de qualidade».Há vários anos que tanto actores como realizadores, passando ainda por produtores e equipa técnica, todos eles europeus, têm provado ao mundo que merecem ser reconhecidos por todo o bom trabalho que desempenham. Foi neste sentido que, em 1974, George Cravenne reuniu vários profissionais do cinema da Academia de Artes e Tecnologias de Cinema e criou os prémios César.
Com o objectivo de valorizar o cinema europeu e dar a conhecer as produções europeias, os prémios César estão há mais de 10 anos a premiar os mestres da Sétima Arte, alargando-se, também, a filmes de Hollywood, o que não estava previsto na ideia inicial de Cravenne.
A cerimónia anual, também conhecida como La Nuit de Césars, decorre no Teatro do Châtelet, em Paris, e foi na passada sexta-feira, dia 25 de fevereiro, que ficámos a conhecer os premiados da 36ª gala.
Roman Polanski foi o «homem da noite», ao receber o César de Melhor Director e Melhor Adaptação, pelo seu filme O Escritor Fantasma. O filme, finalizado quando o cineasta estava em prisão domiciliária na Suíça, em Setembro de 2009, devido à acusação de ter tido relações sexuais com uma menor, em 1977, conta a história de um ghost writer, papel desempenhado pelo actor Ewan McGregor, que se vê cara a cara com a corrupção, ao aceitar escrever as memórias do ex-ministro britânico, Adam Lang, interpretado por Pierce Brosnan. O director de 77 anos recebeu, ainda, mais duas estatuetas de Melhor Banda Sonora Original, para Alexandre Desplat, e Melhor Montagem, tendo sido aplaudido, em pé, por todos os presentes na cerimónia.
Dos Homens aos Deuses, um filme de Xavier Beauvois, foi premiado com o César de Melhor Filme e “passa uma mensagem de igualdade, liberdade e fraternidade”, como afirma o realizador Beauvois, na cerimónia dos Césares. Quanto à sua história, esta retrata os últimos meses de vida dos monges assassinados em 1996, na Argélia, durante a guerra civil. Apelidado de o «favorito da noite», o filme do realizador francês tinha onze nomeações, vencendo Melhor Actor Secundário, Michael Lonsdale, e Melhor Fotografia. Dos Homens aos Deuses recebeu, ainda, o grande prémio do Festival de Cannes em 2010, apesar de não ter conseguido nenhuma nomeação para os Óscares.
Outro grande vencedor da noite foi o filme de David Fincher, que se encontra nomeado na categoria de Melhor Filme para os Óscares, que irão decorreu esta noite. A Rede Social, que nos conta a origem do facebook, recebeu o César de Melhor Filme Estrangeiro.
Já Joann Sfar, um ainda jovem realizador, recebeu o prémio de Melhor Primeiro Filme, com Gainsbourg – Vida Heróica, pelas mãos de Roman Polanski. Do mesmo filme surge, também, outro vencedor: Eric Elmosnino, que foi galardoado pelo César de Melhor Actor.
A cerimónia francesa começou com uma homenagem à actriz e intérprete de E o Vento Levou e As Aventuras de Robin Hood, Olivia de Havilland. Vencedora de dois Óscares da Academia, um em 1946 e outro em 1949, a actriz anglo-americana nascida no Japão, de 94 anos, recebeu uma longa ovação de pé por parte de toda a plateia que lhe prestou tributo, no início da gala. O realizador americano, Quentin Tarantino, também não podia escapar a uma pequena homenagem e recebeu, pelas mãos dos intérpretes do seu filme Sacanas sem Lei, Diane Kruger e Christoph Waltz, um César de honra.