Um dos filmes mais aguardados do ano chega finalmente às salas de cinema de todo o mundo. Harry Potter e os Talismãs da Morte – Parte 1 marca o regresso do jovem feiticeiro que continua a encantar miúdos e graúdos.
O sétimo filme da saga de J.K. Rowling revela-se uma agradável surpresa. Trata-se certamente de um dos melhores filmes Harry Potter e talvez o melhor dos anteriores realizados por David Yates. É superior a Harry Potter e o Príncipe Misterioso e supera a léguas a desilusão da Ordem da Fénix.
A história roda, como sempre, em torno de Harry, Ron e Hermione que, depois da morte de Dumbledore, vão continuar o que este começou – descobrir e destruir os Horcruxes, o segredo da imortalidade de Voldemort. Harry Potter está prestes a fazer 17 anos e a protecção que a casa dos seus tios oferecia irá acabar. É importante levar o jovem feiticeiro para um lugar seguro, onde o Senhor das Trevas não o possa encontrar. Todavia, nem tudo corre bem. O mundo dos feiticeiros tornou-se perigoso e os três amigos têm de partir para onde ninguém os encontre. Mas os inimigos aproximam-se e todos os aliados de Voldemort querem capturar Potter.
A única solução é que os três amigos descubram os Horcruxes antes que Voldemort os encontre. Na procura de pistas, descobrem uma lenda muito antiga – a dos talismãs da morte, os três objectos mais poderosos do mundo dos feiticeiros. Se a história for verdadeira, Voldemort poderá estar prestes a ter o poder de que precisa, tornando-se invencível.
A primeira parte dos Talismãs da Morte traz consigo mais aventura, emoção, suspense e humor. É um filme com muito ritmo, apesar de pouco avançar para o grande final, é mais pesado que os anteriores, e irá agradar, com certeza, aos fãs (como eu), mas também aos que nunca leram os livros de J.K. Rowling.
Nos dois últimos Harry Potter, realizados por Yates, é notório o ambiente sombrio que os envolve. Essa característica, que tanto me agrada no realizador, intensificou-se ainda mais nos Talismãs da Morte. O suspense reina em muitas das cenas e é inevitável que o espectador apanhe alguns sustos, bastante bem conseguidos.
Os cenários deslumbrantes acompanham Harry, Ron e Hermione em todos os locais onde passam. O trabalho de fotografia a cargo do português Eduardo Serra é fantástico. A banda sonora é, como sempre, muito envolvente e esteve, desta vez, a cargo do compositor Alexandre Desplat (A Bússola Dourada, O Estranho Caso de Benjamin Button, O Escritor Fantasma, Lua Nova, etc.). Para esta primeira parte, há no total 26 músicas.
Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint mostram neste filme que mereceram ter sido os escolhidos para protagonistas da saga. Nota-se que cresceram imenso como actores desde 2001 e, se ainda restavam dúvidas quanto ao seu talento, todas elas se dissipam ao assistir a Harry Potter e os Talismãs da Morte.
Alan Rickman e Helena Bonham Carter voltam a destacar-se pela sua sempre excelente prestação. Quanto a Rickman só tenho pena que a sua participação seja tão pequena nesta primeira parte. É lamentável que só o possamos ver brilhar uns poucos minutos no início do filme.
Uma agradável surpresa é Rhys Ifans na pele de Xenophilius Lovegood, pai de Luna. O actor tem um desempenho exemplar e acaba por ser uma figura importante no desenrolar deste filme.
Contudo, e apesar de, como já referi, este ser para mim um dos melhores filmes de Harry Potter, há aspectos a apontar. O filme é demasiado grande para uma primeira parte do capítulo final da obra-prima de Rowling. Por um lado, o argumento de Steve Kloves está muito fiel ao livro, o que é muito positivo. Arrisco a dizer que esta possa mesmo ser a adaptação mais fiel das sete. Todavia 146 minutos é demasiado tempo para tão poucos desenvolvimentos na acção.
É também por este motivo que não concordo com a divisão do sétimo livro em dois filmes. O espectador ganharia certamente mais com um único Harry Potter e os Talismãs da Morte, mas de maior duração. Tome-se como exemplo os filmes da trilogia do Senhor dos Anéis com cerca de três horas cada e cujo o resultado foi fantástico. Com duas partes, põe-se ainda a questão de que há, obviamente, certos pormenores que se irão perder na memória do espectador, de Novembro a Julho, data da estreia da segunda parte. É certo que também os interesses económicos devem ter falado mais alto. Dois filmes irão render o dobro e, se o 3D for para a frente no derradeiro filme, então o lucro será ainda maior.
Interesses à parte, importa reter que se está perante um dos melhores Harry Potter de sempre. E apesar da longa duração do filme, David Yates consegue prender-nos ao ecrã do primeiro ao último minuto. A emoção, aventura e humor estão garantidos e, já que temos mesmo esperar até ao próximo Verão, a cena final deste Harry Potter e os Talismãs da Morte – parte 1 vai aguçar-nos muito o apetite para o que aí vem.
8/10
Ficha Técnica
Título original: Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1
Realizado por: David Yates
Escrito por: Steve Kloves, a partir do livro de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, John Hurt, Ralph Fiennes, Helena Bonham Carter, Alan Rickman
Duração: 146 minutos
Crítica escrita por: Inês Moreira Santos