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#EurovisãonoEF: Os inimigos de Portugal

Mais uma semana de análise às canções que vão representar cinco países em Viena – desta vez, quatro delas serão concorrentes diretas de Leonor Andrade e da canção portuguesa na segunda semi-final: Islândia, Irlanda, Israel e Letónia. Se as contas favorecerem Portugal, também outro dos países analisados esta semana pode lutar pelos votos da Europa com a nossa canção – a Itália, que já está na final por pertencer ao restrito grupo dos Big 5 (com Reino Unido, Espanha, França e Alemanha).

Islândia

Maria Olafs é pequenina, e tem voz a condizer. Na canção genérica que a Islândia traz à Eurovisão deste ano, Maria ainda vai tentando soltar a voz entre o refrão repetitivo – “one step at time“, vai gritando, e mesmo que o som lembre outra canção eurovisiva (One Step Out of Time, um segundo lugar britânico de 1992), a energia não tem nada que se compare. A Islândia tem conseguido distinguir-se do panorama geral nos últimos anos, mas este ano parece ter sido preguiçosa e feito uma canção a preencher um formulário de Eurovisão. A canção, Unbroken, fala de um lento regresso à vida depois de um aparente final de relação. Percebemos isso logo no primeiro minuto, mas a partir daí a letra só se repete, um pé ante o outro, outro pé ante o outro, andando até à irrelevância. O que pode salvar a pequena ilha e a pequena Maria, de 23 anos feitos em março, é a presença em palco: no vídeo, Maria está de pés – sempre os pés – descalços, com umas bailarinas bem esforçadas, que vão ter que se mexer muito no palco em Viena se querem que a Islândia consiga, pelo menos, a final.

http://www.youtube.com/watch?v=sov_pE1cdFY

Irlanda

Molly Sterling, a representante irlandesa na Eurovisão, nasceu já depois da década dourada do seu país no certame – entre 1987 e 1997, a Irlanda venceu cinco vezes. Depois disso, nunca mais conseguiu chegar aos lugares cimeiros, e muitos irlandeses duvidam que seja com Molly, nascida em 1998 (16 anos), que o vá conseguir. Ainda assim, apesar da idade, a voz de Molly é mais profunda e densa, e Playing With Numbers pode vir a surpreender. O piano e o coro que acompanham a jovem resultam num som pouco europeu (como se isso ainda importasse na Eurovisão), e tendo em conta o sucesso da canção quase country da Holanda em 2014, pode ser um trunfo. É para estar atento.

http://www.youtube.com/watch?v=NWiEsf65Rxo

Israel

O início da canção israelita é de levar as mãos à cabeça – “Mama, someone broke my heart again“, canta Nadav Guedj, num ambiente abafado onde só entra o piano, como se achasse que uma canção com um início assim fosse absolutamente inovadora. Felizmente, o tom de balada e as parecenças óbvias com Bohemian Rhapsody dos Queen ficam-se pelos primeiros 30 segundos, com Israel a não esquecer onde está e de onde veio. Nuns primeiros tons a arriscar-se a ser um Justin Timberlake remendado (que funciona, ainda assim), a canção explode num refrão com sons que os alargamentos da Eurovisão para leste tornaram habituais, mas que neste ano cheio de baladas e pianos, são refrescantes. Nadav não é o Messias, mas é convencido: “I’m the golden boy“, vai repetindo, e mesmo que não vença, não deverá falhar a presença na final.

http://www.youtube.com/watch?v=NdxOCTezeTg&feature=youtu.be

Itália

Graças aos três rapazes que a Itália escolheu, as listas de apostas voltaram a colocar o país nos lugares cimeiros numa hipótese de vencer a Eurovisão. Em 2014, os italianos ficaram no pior lugar da sua história do concurso, mas os Il Volo prometem fazer esquecer o passado não com Um Grande, Grande Amor (o nosso poliglota 7º lugar em 1980), mas só com um Grande Amore. O trio nasceu de um concurso semelhante ao transmitido pela TVI há uns anos, Uma Canção Para Ti, mas desde aí os Il Volo – adolescentes ainda – cresceram em todos os aspectos, já com uma popularidade internacional que vai impor respeito no palco em Viena. São semelhantes, e muito, aos crescidos Il Divo, e isso pode agradar a mais velhos e mais novos. Não se esperam grandes artifícios em palco, mas é esperar para perceber se a voz destes imberbes chegará para conquistar a Europa.

http://www.youtube.com/watch?v=4TEpHTVWXnM

Letónia

Aminata tem uma aparência pouco báltica – pele morena, cabelo escuro e selvagem, fruto de um pai do Burkina Faso e de uma mãe letã, que lhe dão uma aparência exótica e sensual. Como muitos outros artistas da Eurovisão, vive da semelhança com outra artista, mesmo na estética – neste caso, da muito alternativa FKA twigs. A canção não é propriamente alternativa, mas é bem distante da fórmula vencedora de muitos anos de Eurovisão. Pode não ser o suficiente para marcar a diferença, porque Love Injected acaba por circular num certo marasmo que pode empurrar a Letónia para o esquecimento este ano.

http://www.youtube.com/watch?v=fnVbR98J7Q4