É verdade, a temporada eurovisiva está aí de novo. O Espalha-Factos já comprou bandeirinhas para celebrar o Festival da Eurovisão e começamos esta semana a avaliar os candidatos de cada um dos países concorrentes.
Apresentamos tudo por ordem alfabética e prometemos ser tão contidos nos comentários como a Ucrânia costuma ser nas suas apresentações em palco.
Albânia
A canção surge depois do autor vencedor da seleção albanesa ter desistido, numa corrida contra o tempo para preparar esta participação do país. I’m Alive, interpretada por Elhaida Dani, aloja-se confortavelmente nos nossos ouvidos e é muito mais contemporânea do que costumam ser as entradas do país, normalmente um bocadinho antiquadas. À primeira audição não nos parece suficientemente memorável, mas a Eurovisão não é feita só de fogo de artifício e Elhaida tem uma prestação vocal seguríssima.
Nos 100 anos do genocídio arménio pelos turcos, a canção do país fala sobre não ocultar qualquer herança ou património e, consequentemente, este acontecimento – negado pelo país que o perpetrou.
Os Genealogy são um grupo constituído por orgulhosos descendentes do país, espalhados pelos vários continentes. Inicialmente intitulada Don’t Deny, acabou por mudar de nome, por motivos políticos, para Face The Shadow. A Eurovisão e os seus clássicos quid pro quos. Musicalmente falando esta é uma balada que mistura o jazz a alguns sons étnicos, ou não fosse uma música sobre tradição e património nacional. A fusão de influências e as seis vozes em palco podem resultar, na minha opinião, numa combinação que resulta perfeita pela invulgaridade ou numa tragédia de proporções épicas, caso não seja encontrada harmonia em palco.
Eurovisão a ser Eurovisão. Um país da Oceânia participa na edição comemorativa dos 60 anos, para celebrar o facto de, a tantos milhares de quilómetros, ser um fã devoto desta esdrúxula competição musical. Jessica Mauboy foi interval act no ano passado com uma canção melhor que muitas a concurso e Guy Sebastian surge para dar à Austrália a sua primeira participação competitiva.
Voz de soul e muito swing numa participação de classe mundial que pode aumentar a popularidade europeia do cantor. O tema, acelerado e contagiante, vai destacar-se no meio das muitas baladas a concurso, mas não deverá ter hipóteses de vitória, até pela falta de vizinhos europeus. Sublinhamos, no entanto, que é uma participação que dá vontade que a Austrália nos visite mais vezes. Fun fact of the day: o intérprete é lusodescendente.
Áustria
É uma balada clássica, ligeira e pouco memorável do país anfitrião, que contribui para a abundância de temas lentos na edição deste ano. The Makemakes parecem uma banda de homenagem aos Beatles e isso não é necessariamente mau, sendo esta uma participação em que a canção se sobrepõe às tentativas pirotécnicas de valorização muito vigentes no Festival. Mesmo quando o piano começa a arder.
Um dos países mais profissionais na preparação das suas participações eurovisivas, o Azerbaijão volta a não deixar créditos em mãos alheias. Elnur Huseynov regressa ao evento com Hour of the Wolf, uma balada bem produzida e que contou com uma equipa internacional para a sua composição.
Embora conte com alguns elementos da música do país, como é apanágio das músicas azeris, é uma participação muito mais orientada para o Ocidente, reação natural ao mau resultado de Dilara na edição do ano passado. Tem tudo para fazer uma boa prestação, principalmente junto dos jurados.
Recap da Semana
- Portugal apresentou uma nova versão de ‘Há Um Mar Que Nos Separa‘ e parece final a decisão de que Leonor Andrade vai cantar em português na semifinal 2, em Viena. No entanto, há uma nova direção de programas prestes a entrar em funções e tudo pode mudar. Ainda não conseguimos acreditar que este remix mal amanhado é uma versão final.
http://youtu.be/xsehr5lJJ_s
- Suzy continua a fazer sucesso na Europa e vai atuar a 17 de abril num warm up do Eurovision in Concert Amsterdam. A intérprete de Quero Ser Tua já admitiu o interesse em voltar ao Festival, mesmo que não seja em representação de Portugal.
- Hélder Reis foi o escolhido da RTP para comentar a edição deste ano do do Festival da Eurovisão, substituindo Sílvia Alberto, que garantiu essa posição nas últimas edições do certame. Temos pena, nós e todos os fãs de comentários com personalidade. O repórter do Aqui Portugal já havia garantido a função em 2009.
- A Suécia lidera as apostas para a vitória na edição deste ano, tendo ultrapassado a Itália, anterior favorita. Estónia, Austrália e Finlândia fecham o top5.