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Joana na China: 10 sítios que não podes perder em Chengdu (Parte 1)

Neste Verão parti à descoberta de Chengdu, na China, através de um estágio de voluntariado da AIESEC que durou um mês. Esta rubrica será um relato da minha experiência.

Chengdu, a capital da província de Sichuan, atrai igualmente turistas e nativos. Com uma população de aproximadamente 14 milhões, é uma cidade em crescimento mas que carrega consigo a aura de uma China cuja História extremamente rica ainda se faz sentir nas suas ruas: uma mistura perfeita entre o tradicional e o cosmopolita. Não estamos portanto perante a grandeza de Pequim ou Shangai, mas porque haveríamos sequer de estabelecer tal comparação? Vem daí conhecer alguns dos locais mais enigmáticos que explorei durante a minha estadia nesta cidade pela qual acabei por me apaixonar.

 1. Passeio Público Jinli

Situado mesmo ao lado do Santuário Wuhou (do qual irei falar de seguida), o Passeio Público Jinli, com entrada grátis, é uma autêntica viagem no tempo. A antiga Jinli era na verdade uma das mais antigas e comercializadas ruas a oeste de Sichuan, possuindo uma popularidade incrível que a levou a ser célebre em toda a China durante as dinastias Qin e Han e também durante o período dos Três Reinos.

Actualmente encontramos nela uma reconstrução desse período, através de estruturas que imitam o design ancestral que um dia povoou Sichuan ocidental. Mas aquilo que realmente torna este local interessante é toda a atmosfera em que se insere. Nele podemos encontrar casas de chá, extremamente famosas em Chengdu, imensas bancas de comida e restaurantes onde é possível provar regalias tradicionais (para quem gosta de comida picante, a província de Sichuan é um paraíso gastronómico), lojas de artesãos e até espectáculos.

Abordando mais a fundo este último ponto, recomendo vivamente assistir à infame Ópera de Sichuan que pode ser vista numa das casas de chá no interior do Passeio Jinli. A Ópera de Sichuan nasceu por volta de 1700, distinguindo-se de outros géneros de ópera chinesa por ser mais teatral. A sua fórmula pode até ser comparada a uma forma de magia já que os actores, que utilizam máscaras pintadas à mão com diferentes cores e expressões desenhadas, conseguem mudar “de cara” em segundos, deixando o espectador a interrogar-se como tal acrobacia pode ser feita. Para assistir ao espectáculo é apenas necessário consumir algo na casa de chá.

Deste modo, e sem ser pelo facto de podermos antever um Starbucks, o que quebra ligeiramente a aura do local, as ruas estreitas do Passeio Público Jinli são um óptimo sítio para começar a explorar Chengdu.

2. Santuário Wuhou

De todos os templos Wuhou situados por toda a China, o que se situa em Chengdu, mesmo ao lado do Passeio Jinli, é o mais influente por ser o único santuário construído em homenagem tanto ao rei Liu Bei como ao seu primeiro-ministro Zhuge Liang. Liu Bei era um senhor da guerra que fundou o estado de Shu Han no período dos Três Reinos e se tornou o seu primeiro imperador. Já Zhuge Liang foi chanceler mais uma vez do estado de Shu Han durante o mesmo período, sendo reconhecido como o maior estrategista da sua época.

O templo em questão foi reconstruído em 1672, evocando um sentimento de nostalgia. Cercado por ciprestes antigos e paredes vermelhas clássicas, nele encontramos 47 esculturas feitas de barro que tornam imortais Liu Bei e Zhuge Liang, assim como outros oficiais civis e generais que mereceram reconhecimento.

Apesar de o bilhete de entrada ser caro quando comparado com outras atracções em Chengdu (60 yuan, o equivalente a 7,35 euros), é definitivamente um local que vale a pena visitar. Não é apenas um museu que nos ajuda a compreender melhor a história dos Três Reinos mas também um local extremamente agradável para simplesmente passear, capaz de nos envolver numa paz de espirito imensa.

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3. Praça Tianfu

Como se costuma dizer, em Chengdu todos os caminhos vão dar à Praça Tianfu, o centro da cidade.

Ao deambularmos pela mesma não podemos deixar de reparar na grandiosa estátua do ex-líder Mao Zedong, disposta numa das pontas da praça. Atrás da imponente estátua, que parece observar todo o recinto com atenção, está o Museu de Ciência e Tecnologia de Sichuan.

Mesmo no meio da Praça Tianfu situa-se a Estação de Metro Central, abaixo do nível da rua, num espaço em forma de círculo aberto. Em torno da estação encontram-se várias fontes de água. Todos os dias, ao meio-dia e ao anoitecer, um elaborado espectáculo de água, sincronizado com música e luzes néon coloridas, explode a partir das fontes da praça e atrai multidões.

No fundo, a Praça Tianfu é o coração da metrópole e uma paragem obrigatória para qualquer um.

4. Monte Emei

Os mais aventureiros não podem deixar de visitar o Monte Emei, um ponto de importância cultural excepcional por ser o local onde o budismo se estabeleceu primeiramente em território chinês, espalhando-se depois amplamente através do Oriente.

Localizado 150 quilómetros a sul de Chengdu, é possível viajar de autocarro desde a estação Xinnanmen até à estação principal da cidade de Emei. A viagem custa 48 yuan (5,89 euros), sendo que os autocarros partem a cada vinte minutos.

Seria possível redigir uma lista interminável acerca das razões que tornam este local indispensável na rota de qualquer viajante. Alguns factos históricos revelam-nos que o primeiro templo budista da China foi construído no cume do Monte Emei durante o século 1º d.C.. Posteriormente, a adição de mais de 30 templos tornou a montanha num dos locais mais sagrados do Budismo. Quantas vezes é que temos a oportunidade de visitar um local com tamanha importância?

O meu principal conselho seria escolher bem o dia em que se decide partir à aventura na montanha, já que no meu caso tive o azar de subir ao topo num dia de tempestade e a chuva não é propriamente a nossa melhor amiga quando estamos a tentar alcançar o cume de uma montanha de 3,099 metros. De qualquer das formas, um dia inteiro de caminhada até ao cume é uma experiência fisicamente desgastante, mas inesquecível pelo cenário envolvente que nos faz esquecer o cansaço. Ver o nascer do sol no cume, quando nos encontramos acima das nuvens, é simplesmente arrebatador.

O bilhete de entrada varia entre 110 e 185 yuan (entre 13 e 22 euros) dependendo da altura do ano. Para aqueles que não queiram trepar até ao topo, autocarros e teleféricos são alternativas mas que carregam consigo mais custos monetários. Outro detalhe a relembrar são os macacos que por vezes incomodam os caminhantes pelo que será melhor manter qualquer alimento bem embalado. Roupa quente também é essencial devido às baixas temperaturas no topo.

5. Cabana de de Du Fu

Du Fu foi um poeta chinês da dinastia Tang que procurou refúgio em Chengdu no ano de 759 a.C, durante a rebelião de An Lushan. É um dos poetas mais aclamados da história chinesa, tendo composto 240 poemas. A sua casa de campo foi redescoberta durante o período das Cinco Dinastias pelo poeta Wei Zhuang, tendo sido convertida numa espécie de museu que nos dá a conhecer a vida e trabalho de Du Fu. O mais aliciante é contudo o facto de o podermos fazer literalmente nas pisadas deste poeta, num local histórico.

O parque e memorial construído em sua honra pode ser visitado por 60 yuan (7,37 euros), dando-nos acesso a inúmeros jardins, um museu arqueológico com ferramentas da vida diária de há 1000 anos atrás e, claro, a casa onde Du Fu um dia habitou com a sua família.

Além disso, com o desabrochar das flores de ameixa na primavera, as flores de lótus no verão, os crisântemos no outono e as orquídeas no inverno, caminhar pelos jardins que circundam a antiga Cabana de Du Fu é sempre um encontro entre a beleza da Natureza e a poesia redigida pelos homens.

Se quiseres saber mais sobre as experiências que a AIESEC proporciona, visita aqui a página oficial.

*Este artigo foi escrito, por opção da autora, segundo as normas do acordo ortográfico de 1945