O Mascarilha (The Lone Ranger) chegou hoje às salas de cinema portuguesas, retratando uma história que era declamada nas rádios americanas no tempo dos nossos avós. Neste caso, o mito do cavaleiro solitário ressurge na pele de Armie Hammer, acompanhado pelo seu fiel protetor, o índio Tonto, encarnado por Johnny Depp. Um filme de ação, a imitar os westerns do passado, com um toque de efeitos especiais para apimentar as cenas.
A história não adiciona nada de novo. É mais um conto do “faroeste” com o protagonista a envergar uma máscara, relembrando António Banderas em Zorro. Claro está para mostrar a justiça do herói, ele deixa-se acompanhar por um índio denegrido por toda a sociedade e que fala de um modo muito peculiar. O conflito principal é uma vingança. O Mascarilha pretende honrar a memória do seu irmão Dan e companheiros Texas Rangers, assassinados a sangue frio pelo malfeitor Butch Cavendish. Já a história de amor proibido entre a cunhada Rebecca e o mascarilha é muito subtil, tal como no romance do Conde de Monte Cristo.
A escolha dos atores para cada papel não é surpreendente, visto que Johnny Depp vai rebuscar todos os trejeitos do seu antigo papel em Piratas das Caraíbas para enquadrar na sua nova personagem. Fala-se do síndrome de Jack Sparrow, que não saiu ainda da sua pele. A única diferença é que Tonto ainda é menos articulado nas palavras. Para muitos críticos a sua performance não foi entusiasmante, se calhar porque estamos tão habituados às suas interpretações brilhantes, que não esperamos menos do que um sopro de originalidade em cada atuação.
Já Armie Hammer, um ator menos conhecido aos nossos olhos, foi uma ótima seleção para a personagem, pois é discreto, atraente e um pouco desajeitado, deixando sempre margem para o seu parceiro de cena, Johnny Depp, brilhar um pouco mais. Helena Bonham Carter tem um papel demasiado reduzido para a sua extraordinária performance. Soube a pouco a sua personagem não ter maior profundidade e influência no filme.
As piadas americanas clichés e os desastres que nunca abatem o herói, tornam a história pouco envolvente e demasiado fantasiosa aos olhos do público. Outro aspeto menos feliz do filme é a transição entre o passado e o presente, em que o índio Tonto surge em 1930, empalhado num museu, narrando as aventuras do mascarilha a uma criança com o fato de Texas Ranger. Talvez essas cenas sejam uma homenagem às narrações por rádio do mascarilha que imortalizaram o mito ou apenas um modo de fazer com que as crianças do público se identifiquem com o pequeno rapaz, que ouve pela primeira vez o conto do herói. De uma maneira ou de outra, essas transições repentinas interrompem a ação e não ajudam a dar continuidade à intriga.
Para um filme da Disney, não está mal conseguido. Tendo em conta o grande elenco de atores, o filme vai arrecadar um sucesso de bilheteira certamente. Talvez as crianças achem a história muito mais empolgante, devido à falta de referências dos antigos westerns. Por outro lado, os adultos vão ter a oportunidade de ir ao cinema neste verão, acompanhados pela pequenada. Uma coisa é certa, vai puxar mais sorrisos aos miúdos do que aos graúdos.
6/10
Ficha Técnica:
Título Original: The Lone Ranger
Realizadora: Gore Verbinsky
Argumento: Terry Rossio
Elenco: Armie Hammer, Johnny Depp, Tom Wilkinson, William Fichtner e Helen Bonham Carter
Género: Aventura, Western
Duração: 149 minutos